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Conrema V aprova corte raso de floresta nativa para mineração

“Não há outra alternativa de extração de rochas a não ser suprimindo a área da vegetação nativa, a empresa já possui um licenciamento de mineração para uma área vizinha perante o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que será expandida para a área solicitada”.

Esse é um trecho do laudo do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) justificando seu parecer favorável ao corte raso de 1,1397 hectare de Mata Atlântica em estágio médio de regeneração, para permitir a expansão da atividade de mineração em um remanescente florestal próximo ao Rio Santa Maria da Vitória, cuja bacia abastece mais de 800 mil pessoas.

O laudo, assinado pelo agente em Desenvolvimento Agropecuário Thomas Carlos de Oliveira e o técnico em Desenvolvimento Agropecuário Odilon Barth, em quatro de abril de 2016, destaca ainda que “a área possui grande diversidade biológica, considerando o número de espécies lenhosas e herbáceas encontradas”.

Mas conclui que, mais importante do que conservar a biodiversidade, é atender ao objetivo da empresa (no documento, representada por Landes Depizol Ruy): “a extração de rochas ornamentais, na área superior ao fragmento florestal que será danificado”. 

Apesar da área aparentemente pequena, é importante lembrar que, de hectare em hectare (cerca de 10 mil metros quadrados, o equivalente ao tamanho de um campo de futebol) devastado, o Espírito Santo já eliminou 90% de sua cobertura florestal e, no último ano, mais do que dobrou o tamanho da área desmatada, segundo Atlas da Mata Atlântica divulgado nesta segunda-feira (29).

“É uma atitude irresponsável. Um absurdo”, protesta José Marques Porto, representante da Associação Nacional dos Amigos do Meio Ambiente (Anama) no Conselho Regional de Meio Ambiente (Conrema) V, onde o pedido de supressão de vegetação foi avaliado e aprovado.

Além da Anama, apenas outras quatro entidades votaram contra: Sebrae, Conselho Regional de Biologia (CRBio), a também ONG Sinhá Laurinha e (surpreendentemente) a Secretaria de Estado de Governo (SEG).

O Conrema V é tripartite e tem 21 cadeiras, distribuídas entre governo, setor empreendedor e sociedade civil. Em meio às entidades que não fizeram objeção ao desmatamento em favor da mineração está a própria Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). “Já solicitamos ao jurídico da Anama que analise a possibilidade de ingressar em juízo para cassar essa decisão do Conrema”, anuncia o ambientalista.

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