A obra do talude é para beneficiar as empresas do Polo Industrial Piracema, na Serra. Além de ameaçar os moradores de parte de Cariacica e Vitória, também coloca em risco a rodovia do Contorno, que poderá ser alagada durante a época de chuvas. Estas são algumas das razões que levarão os conselheiros de quatro entidades com representação no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) a pedir a paralisação imediata das obras.
A decisão de pedir ao Consema que intervenha na obra foi anunciada por Nildo Antônio Leite de Mendonça, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito (Sindaema) e conselheiro no Consema.
Vão assinar as denúncias em relação à obra, os conselheiros do Consema que representam a Central Única dos Trabalhadores do Espírito Santo (CUT-ES), Federação das Associações de Moradores e Movimentos Populares do Espírito Santo (Famopes), Comissão Espírito-santense de Folclore e da ONG Sinhá Laurinha.
Segundo os conselheiros, o aumento do talude está sendo feito em parceria entre a Prefeitura da Serra e empresários. Com a intervenção, buscam evitar que as águas das enchentes do rio avancem sobre as áreas de amortecimento da região. Parte desta área foram transformadas em polo industrial.
Apesar da intervenção, as áreas de amortecimento “ainda são as alternativas naturais de transbordo do excesso das águas das cheias deste rio”, assinalam os conselheiros. Atualmente, durantes as cheias, as águas do rio Santa Maria são reservadas nas proximidades do Mestre Álvaro. A elevação do dique muda a situação.
Os conselheiros representantes das entidades entendem que caberia ao plenário do Consema deliberar sobre a licença ambiental para a intervenção que está sendo realizada. Isto em função dos impactos que causará a outros dois municípios, Vitória e Cariacica, sendo este o último o mais fragilizado com a intervenção.
Eles consideram ainda outras ameaças: “Entendemos ainda dois riscos que esta ação poderá causar. Um, sobre a rodovia do Contorno, que poderá ser destruída pela força das águas. O outro é sobre o sistema de abastecimento de água da Serra, onde o local de bombeamento, subestação elétrica de 35 kv e cabos elétricos que poderão ser danificados pela mudança dos caminhos naturais das águas do Santa Maria”, adevrte Nildo.
Os conselheiros do Condema lembram que em dezembro último uma área que vai até as proximidades do bairro Central Carapina ficou totalmente inundada.
Nas cheias, o aumento do dique afetará a produção de água que abastece todo o município da Serra, parte de Cariacica, parte de Vitória e Fundão, além do abastecimento da ArcelorMittal e Vale.
Eles alertam que o pátio de bombeamento, a galeria de concreto armado que transporta as águas da captação até o poço de sucção, além da subestação elétrica, estarão na linha de frente destas possíveis enxurradas de águas, hoje amortecidas pelas áreas que estão sendo protegidas pelo aumento do dique. SEgundo os conselheiros, a intervenção afetará 600 mil pessoas, que poderão ficar sem água.
Os conselheiros da CUT, Famopes, Comissão Espírito-santense de Folclore e da ONG Sinhá Laurinha lembram que o rio Santa Maria da Vitória é um rio estadual, e a intervenção proposta ultrapassa a esfera do município da Serra.
Assinalam ainda que o dique está sendo construído em uma área que já tem um equilíbrio ecológico fragilizado. Ao Consema será requerido que os municípios de Vitória e Cariacica sejam informados da situação. O documento ao Consema será protocolizado na próxima semana.