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Contaminação do rio Jucu é 160 vezes maior que índice considerado satisfatório

A contaminação do rio Jucu por coliformes fecais ultrapassa 160 vezes o limite considerado satisfatório pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). O índice elevado foi detectado em quatro pontos, como apontam análises contratadas pela Associação Barrense de Canoagem (ABC). A entidade foi obrigada a cancelar a tradicional “Descida do rio Jucu”, que seria realizada no próximo dia 27, para evitar riscos aos participantes. 
A data, no entanto, será marcada por um mutirão de limpeza em parceria com um grupo de escoteiros. Segundo Thiago Emerick Vescovi, um dos organizadores do evento, realizado desde 1988, também não está descartado um protesto para denunciar a omissão do poder público na conservação dos recursos hídricos. 
As coletas de água para análise foram realizadas em Domingos Martins e Marechal Floriano, na região serrana do Estado, e em Vila Velha, sendo um ponto na foz do rio, na Barra do Jucu, onde ocorre o encontro com o mar.
Para cada 100 ml de água, foram detectados 160 mil coliformes fecais, quando o aceitável, de acordo com o Conama, seriam mil bactérias para a mesma quantidade de água. A mesma resolução considera “excelente” 250 coliformes fecais/100 ml e “muito boa” o máximo de 500/100 ml.
Neste ano, o evento teria como tema os “27 anos de omissão do poder público”. Thiago e Eduardo Pignaton, os organizadores da descida, criticam a condução das políticas públicas da área no Estado. “O que é nítido em todas as etapas são as articulações de cúpulas dos governos municipais e estadual para dificultar a participação da sociedade civil e dos movimentos ambientais, transformando as licenças ambientais em moeda de troca política”. 
Eles alertam ainda que a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) capta e trata a água do rio Jucu e vende para mais de um milhão de pessoas, mas durante todos esses anos, não desenvolveu nenhuma política de recuperação do rio Jucu e Santa Maria, que abastecem a Grande Vitória, “a não ser devolver essa água em forma de esgoto”.
Essa omissão, como afirmam, foi responsável pelas piores enchentes dos últimos anos (2013/2014) e, agora, pela crise hídrica histórica registrada no Estado. “Outro fato ocorrido neste ano foi a classificação das praias da Grande Vitória como impróprias para o banho devido à quantidade de coliformes fecais encontrada no mar. Infelizmente, as autoridades acham isso normal, quando deveriam ficar surpresas pela existência de esgoto no rio e no mar”, enfatizam.
Os organizadores da descida lembram que, há 40 anos, os pescadores da Barra do Jucu sequer conheciam poluição, hoje, não conseguem mais sobreviver da atividade. “O rio Jucu virou um imenso esgoto a céu aberto”.

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