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Cosméticos naturais: beleza que vem de dentro e protege todo o planeta

A partir de Vitória, Caparaó e Roma, três mulheres nos contam como os cosméticos naturais estão tornando suas vidas mais alegres, seus corpos mais bonitos e saudáveis e suas consciências mais despertas.

A capixaba Isabelle Tabacchi é professora de Kundalini Yoga e hoje vive em Roma, na Itália. É adepta dos cosméticos naturais desde adolescente, quando começou a experimentar frutas no cabelo e na pele.

Ainda faz suas experiências caseiras, com abacate, mamão, babosa … e  agradece a existência do mercado em crescimento, no Brasil e no mundo, que lhe permitiu expandir o leque de opções ecológicas e saudáveis.

A bióloga Íris Carry nasceu no Canadá e vive no Caparaó Capixaba há cinco anos, onde teve a intuição de iniciar os estudos sobre plantas medicinais e produtos caseiros que não agredissem o santuário ecológico em que vivia, principalmente as águas puras das cachoeiras que passam perto de casa. Depois da primeira fase de produção com a amiga e vizinha Marília Herdy, na Botanica Biocosméticos, se prepara para lançar a Floē, nome que escolheu em alusão à floema, “parte da planta que conduz todas as seivas, águas, nutrientes e vida dos vegetais”.

Em Vitória, unindo a inspiração, cores e fragrâncias que colheu de vários paraísos naturais do Brasil e da Amazônia peruana e boliviana, Juliana Dadalto se dedica aos pinceis e às artes há quinze anos e, há cinco, à Brisa, linha de maquiagens biodegradáveis, naturais e livres de sintéticos, que esbanjam charme e beleza e são um sucesso de vendas em lojas especializadas e pela internet, onde os clientes são orientados sobre os melhores tons e sobre os kits personalizados mais apropriados às próprias necessidades. 

De dentro pra fora

“Produtos bons são os produtos com menos ingredientes, sem aditivos, perfumes e corantes artificiais, com pouco ou nenhum plástico, e embalados de uma forma que tenha menos impacto no meio ambiente”, define Isabelle, do alto de seus anos de experiências com as alquimias ecologicamente corretas.

Mas a beleza começa de dentro, enfatiza: “o consumo de alimentos também está ligado ao cosmético, como o uso de cúrcuma, que cura os órgãos internos, chás depurantes com gengibre, canela, cravo, pimenta do reino e cardamomo”, ensina. “A beleza não pode ser só externa”, sentencia.

Juliana também extrapola o conceito de beleza, brincando com a “pegada ecológica”, expressão da moda no momento. “Beleza é o rastro que deixamos no mundo”, provoca. “O mercado da beleza natural é um mercado de afeto e autocuidado muito mais do que um ditador de modas e obrigações!”.

“Compre de quem você quer ver florescer”, convida. É muito mais coerente do que investir em “megaconglomerados, que vendem limpeza, mesmo estando entre as empresas que mais poluem”.

“Comprando do artesanal e autoral, estamos beneficiando o mercado local, dando chance do sonho de alguém se tornar real, criando assim um mercado sem exploração e onde o prazer e a realização em criar volta em boa energia pros próprios produtos”, explica.

Amor

E quanta energia boa vibra desses produtos autorais, artesanais, locais. “Eu amo quando estou produzindo, nem parece trabalho!”, exulta Íris. Mas reconhece a dificuldade que é produzir em casa, dividindo-se entre as tarefas domésticas. “Ser empreendedora, mãe, esposa, e muito mais ao mesmo tempo e no mesmo espaço é um desafio!”, diz. O que não impede, de forma alguma, o crescimento do seu negócio e a conquista de sonhos cada vez maiores.

“Agora penso em expandir e começar esse trabalho de destilação de óleos essenciais, e assim vou conseguir aumentar meu uso de matéria-prima daqui mesmo, do Caparaó. Isso é um sonho. Vou conseguir trabalhar mais com os hidrolatos e óleos essenciais da região, em vez de comprar tudo de longe”, comemora, com os olhos brilhantes diante do novo laboratório, em construção, graças a um empréstimo no Banco Comunitário do Caparaó.

A maior satisfação nessa jornada de coragem e responsabilidade, se mantém: “Saber com 100% de certeza que tudo é feito com ingredientes de alta qualidade e com muito amor”, afirma, mostrando seus sabonetes, xampus sólidos, séruns e tônicos faciais, pomadas curativas.

“Quando eu vejo os rótulos de produtos convencionais e reparo que o consumidor está basicamente lavando o cabelo ou corpo com subprodutos de petróleo, eu sinto que a indústria está nos enganando muito. A satisfação em ter uma autossuficiência é muito importante para mim”, sublinha.

Mais

A Brisa também cresce, na velocidade da satisfação que emana para os empreendedores e consumidores. “Quando chegamos aqui [Juliana também morou um tempo no Caparaó capixaba] coletávamos 100% do material que usávamos. Mas hoje, devido ao aumento dos pedidos e assim estando na pele de mais pessoas, a responsabilidade fala mais alto. Trabalhamos apenas com os melhores fornecedores do mercado, comprando apenas de quem consegue enviar laudos técnicos de cada material, tendo certeza de estar oferecendo qualidade e todos os benefícios de produtos super frescos. Óleos vegetais, manteigas, ceras e argilas são as matérias-primas principais da Brisa”, relata. “Já as receitas, mandingas e modos de fazer são os segredos de cada bruxa!”, graceja.

Essa responsabilidade se traduz num tempo de produção também diferenciado. Produtos levam meses pra ficar prontos, depois de outros meses de pesquisa sobre cada nova matéria-prima, ressalta Juliana. Depois de criados, os produtos então entram na fase de testes, quando são enviados junto das compras para as pessoas testarem, sugerirem melhorias e aprovarem ou não. “Só depois de 20 ou mais retornos, a marca lança o produto”, conta.

Na cidade e no campo, nas montanhas e no litoral, acima e abaixo do Equador. Onde quer que se estabeleça, o universo dos cosméticos naturais conquista cada vez mais pessoas. O segredo do sucesso? Tornar real o que todo mundo quer: potencializar a beleza verdadeira, que vem de uma harmonia interna do corpo e da alma, e de uma conexão fecunda com o planeta – alquimia perfeita que só é possível por meio dos produtos autorais e artesanais.

“É um espaço aberto e democrático, onde estamos seguras pra falar de vaidade e cuidado, não sobre o olhar ditador das modas, mas com o abraço aconchegante do amor próprio e autocuidado”, sintetiza Juliana.

 

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