quinta-feira, novembro 21, 2024
29.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

Crea oficia presidente do Iema para reivindicar vagas para geógrafos em concurso

No documento enviado a Alaimar Fiuza, Conselho de Engenharia diz que inclusão melhora atendimento à sociedade

Mais uma entidade se manifestou contra a ausência do cargo de geógrafo no concurso do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea/ES) encaminhou ofício para o presidente do órgão, Alaimar Ribeiro Rodrigues Fiuza, nessa quarta-feira (24), afirmando que “seria interessante para a melhoria do atendimento à sociedade a recomposição do número de geógrafos, pois o último concurso foi há 14 anos, e a defasagem tem sido sentida por aqueles que buscam essa autarquia estadual para obter licenças ambientais”.

Assinado pelo presidente do Crea/ES, Jorge Luiz e Silva, o documento leva em consideração que “os geógrafos são os profissionais legalmente habilitados a exercer diversas funções chave no dia a dia do Iema”, portanto, “o investimento na recomposição do quadro agilizaria a atuação desse Iema e beneficiaria a própria economia capixaba, já que o licenciamento de diversos empreendimentos ganharia velocidade, gerando empregos, renda e aumento na arrecadação de impostos”.

A realização do concurso foi autorizada pelo governador Renato Casagrande (PSB) em 25 de agosto. A previsão é que sejam ofertadas 60 vagas, com oportunidades para ensinos médio, técnico e superior. O Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) se pronunciou em 15 de outubro sobre a ausência de vagas para geógrafo. Em ofício encaminhado para o presidente da autarquia e a diretora técnica, Caroline dos Santos Machado, o Departamento afirmou enxergar a situação com “estranhamento e preocupação”.
Os professores destacaram que “apesar de abranger as três áreas do conhecimento [exatas, humanas e biológicas], são excluídas formações tradicionais dessa instituição [Ufes], como a Geografia, o que pode caracterizar uma assimetria no tratamento de profissões afins”.
Os docentes apontaram que as atribuições profissionais dos geógrafos, definidas pela Lei 6664/79, “possuem estreita convergência com a missão institucional do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de: “assegurar o uso adequado dos recursos naturais, a conservação e a recuperação dos ecossistemas, contribuindo para a sustentabilidade do desenvolvimento, mediante a formulação e gestão das políticas públicas de meio ambiente e de recursos hídricos'”.
No documento foi destacado também que “os órgãos da administração pública das esferas estadual e municipal do Espírito Santo são, há várias décadas, os principais destinos profissionais dos egressos e egressas dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo”.
Segundo o Departamento, ao solicitar a inclusão de geógrafos no certame, seu objetivo é “manter e fortalecer as mútuas e harmônicas relações institucionais entabuladas entre a Universidade Federal do Espírito Santo, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que ao longo do tempo têm se mostrado sobremaneira benéficas para o avanço do desenvolvimento sustentável da sociedade capixaba”.
Um grupo de geógrafos já havia encaminhado a mesma solicitação para o presidente do Iema. Eles afirmaram que este não se trata de um caso isolado. “Esta é uma conduta que tem sido adotada não somente no Iema, mas também em outros órgãos que atuam na área ambiental, como Agerh [Agência Estadual de Recursos Hídricos], Idaf [Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal] e Incaper [Instituto Capixaba de Assistência Técnica, Pesquisa e Extensão Rural [Incaper]”, diz o ofício.
Servidores do Iema, da Agerh e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) também se posicionaram sobre o assunto em requerimento administrativo encaminhado ao presidente da autarquia. Eles destacaram, entre outras questões, que dentro da Geografia, a cartografia é um instrumento metodológico do campo teórico pertinente aos estudos físico territoriais e ambientais.
“E, neste sentido, é importantíssimo que o Iema tenha mais profissionais com essa habilidade, uma vez que os que exercem essa profissão no âmbito do instituto têm ficado cada vez mais sobrecarregados com demandas que envolvem ordenamento territorial, mapeamento de ecossistemas (manguezais e restingas em andamento na CGEO [Coordenação de Geoprocessamento]), análise de Áreas de Preservação Permanente e regularização fundiária em Unidades de Conservação, zoneamento ambiental, ecológico, estudos e levantamentos oceanográficos realizados para o Ministério Público Federal e Estadual, para criação de Unidades de Conservação, entre muitos outros”, defendem.
Ainda de acordo com os servidores, há atividades e levantamentos no Iema em processo de execução muito lento devido à ausência de geógrafos. “Atualmente, a equipe da CGEO [Coordenação de Geoprocessamento] é composta de cinco servidores (3 geógrafos + 1 engenheiro + 1 analista de Tecnologia da Informação), sendo que, no próximo ano, um deles irá se aposentar, deixando a equipe mais reduzida, correndo o risco dessas atividades serem sobrestadas”, afirmam.
Os servidores também apontaram a importância dos geógrafos em atividades como licenciamento ambiental, fiscalização para aplicação da legislação ambiental e gestão de Unidades de Conservação.

Mais Lidas