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Debate e lançamento de livro marcam seminário do MPA em Vitória

Debate sobre os desafios do campo e sua inter-relação com as cidades, lançamento do livro Trincheiras da Resistência Camponesa: sob o pacto de poder do agronegócio, do frade franciscano Frei Sérgio Gorgen, e festa em comemoração ao primeiro aniversário da feira de alimentos saudáveis do Morro do Quadro, em Vitória. Com essa programação, o Movimento dos Pequenos Produtores no Estado (MPA-ES) convoca militantes para seu seminário nesta sexta-feira (6) e sábado (7), na Capital. 
 
O evento terá início às 14 horas desta sexta-feira, com análise da atual conjuntura da luta camponesa por Frei Sérgio Gorgen, militante dos movimentos sociais do campo há mais de três décadas; o papel da população urbana nesse contexto; e a aliança camponesa e operária pela soberania alimentar. “O debate é um chamado para a ação concreta de organização e luta”, ressalta o MPA.
 
Em seguida, às 19 horas, será lançada a nova obra do frade franciscano da ordem dos Frades Menores do Rio Grande do Sul, com 616 páginas que recuperam textos escritos durante os últimos 16 anos, de testemunhos críticos e históricos sobre a resistência e persistência da agricultura camponesa e do campesinato, como sujeitos históricos, na sociedade brasileira do século XXI. 
 
Já no sábado (7), às 19 horas, a atividade do seminário será a confraternização no Morro do Quadro, na região central de Vitória. A feira, que comercializa produtos da agricultura camponesa, saudáveis e sem o uso de agrotóxicos, é também um dos pontos de entrega do novo serviço oferecido pelo MPA e Cooperativa de Produção e Comercialização Camponesa (CPC-ES), de venda pela internet. O modelo pretende revigorar as vendas e, assim, fortalecer a produção das famílias de pequenos produtores rurais.
 
A aproximação entre o campo e população urbana, pontua o MPA, é fundamental para reverter a lógica cruel do agronegócio. A luta é de toda sociedade e assim deve ser assim compreendida. Afinal, do alimento que chega às mesas das famílias nas cidades, 70% é produzida pelos camponeses, mesmo com toda a ausência dos órgãos estatais.
 
“Vivemos tempos difíceis, é verdade. Mas, enquanto houver injustiça, haverá luta. E onde há luta, há vitória. Vitórias que por vezes nem se mostram, não aparecem. Por isso, devemos nos perguntar: o que seria do campo, se não fossem as lutas contra o Deserto Verde? É nesse espírito de esperança, do verbo esperançar, segundo o mestre Paulo Freire, que é preciso levantar, ir atrás, construir, ir adiante, juntar-se com os outros”, convoca o MPA.
 
Trincheiras
 
No Espírito Santo, Frei Sérgio Gorgen aponta o café e o eucalipto como as duas culturas em que a lógica capitalista do agronegócio se faz mais presente – e mais cruel. O café, por meio da integração do pequeno agricultor ao grande mercado monopolista e concentrador. O eucalipto, expulsando o camponês de sua terra e levando-o a inchar o contingente de mão de obra barata nas periferias das cidades.
 
Desde que a nova fase do agronegócio se estabeleceu no país – no Espírito Santo um marco foi a introdução dos modernos sistemas de irrigação para o café, por volta de 1998 – ,o MPA precisou intensificar sua atuação e a resistência camponesa frente aos golpes do capital contra o homem e a natureza. 
 
Educação do campo, habitação rural, agroecologia e feiras livres são as principais frentes de atuação, cobrindo lacunas deixadas pelo Estado, que também não investe em infraestrutura e serviços de qualidade que beneficiem o pequeno agricultor, como telefonia, internet, estradas, saúde e energia.
 
E, ainda mais importante, não impõe restrições ao agronegócio. No auge da atual crise hídrica, houve casos de um único grande produtor rural bombear água no rio que poderia abastecer até 70 pequenos agricultores. O Estado, ao invés de fiscalizar, tem sólida parceria com o empresariado.

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