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Deputado questiona eficiência do sistema de controle ambiental da ArcelorMittal

Ao contrário do que anuncia em suas campanhas publicitárias e na imprensa sobre a eficiência do seu sistema de controle ambiental Claus, a ArcelorMittal não atinge índices de redução das emissões de enxofre em 88% no processo de produção de coque e em 25% em toda planta industrial do Complexo de Tubarão, como alerta o deputado estadual Gilsinho Lopes (PR), em requerimento encaminhado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Seama). 
 
No documento, Gilsinho apresenta dados das emissões de enxofre da empresa e questiona a eficiência operacional do sistema. Até agora, como aponta o deputado, o índice de redução na produção chegou a 57,78%, enquanto na planta industrial a 13,8%.
 
Ele também cobra respostas sobre o tratamento dos gases se restringir às coquerias 1 e 2, que emitem 673 quilos de SO2 por hora. Na Coqueria Sol, cujo total é 711 kg/h, não há usina de dessulfuração. “Por que somente 23,95% de gases SO2 gerados nos processos industriais da Arcelor são tratados?”, pergunta. 
 
Diante dos números, o deputado também quer saber do órgão ambiental quais ações têm sido tomadas para garantir a credibilidade das informações transmitidas aos moradores da Grande Vitória, que sofrem dia e noite os danos da poluição do ar, bem como para exigir da empresa a redução das emissões na região. Além disso, por que a Seama e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) nunca determinaram à Arcelor a obrigação de tratar todos os gases que lança no ar.
 
Gilsinho ressalta que as emissões de enxofre da Arcelor atingem índices alarmantes na Grande Vitória, com o agravante da capital registrar a maior concentração média anual deste poluente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ele se refere ainda a informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para enumerar os inúmeros efeitos à saúde, como irritação e alergias, doenças respiratórias e cardíacas, e até câncer provocados pela exposição à poluição em curtos períodos (entre as diferentes horas do dia ou da noite), sazonalmente (nos períodos secos ou chuvosos, quentes ou frios, com baixa ou alta isolação) ou em longo prazo.

Segundo o documento, considerando os dados da própria empresa, caso fosse cumprido o índice de redução de 88%, as emissões deveriam cair para 256,68 kg/h do total de 2.139 quilos por hora, o que não ocorre.

O lançamento de enxofre no ar pela Arcelor sem tratamento foi alvo de denúncia da seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) ao Ministério Público do Estado (MPES) em fevereiro deste ano. Na ocasião, o presidente da Ordem, Homero Mafra, solicitou investigação sobre o funcionamento do sistema Claus, após receber a informação de que o mesmo estaria quebrado, o que foi confirmado na época pela prefeitura de Vitória.

A empresa não trata os gases em toda sua planta porque deixou de cumprir condicionante para implantação de uma unidade de dessulfuração, ainda na construção de sua primeira usina, em 1983. Apesar disso, não enfrentou problemas para receber novas licenças do governo do Estado, consolidando seus projetos de expansão.

A  Arcelor tem quatro usinas no Estado – três no Planalto de Carapina e uma em Cariacica – e divide com a Vale a responsabilidade pelos elevados índices de poluentes na Grande Vitória. Atualmente, tem operado em plena capacidade em Tubarão, atingindo o nível de 7 milhões de toneladas de aço bruto, o que representa quase o total (7,5 milhões) que consegue produzir por ano.  A produção máxima intensifica a poluição do ar na Grande Vitória, cujos índices de emissões são alvos de constantes denúncias e reclamações da população, por atingir níveis cada vez mais insuportáveis.

 

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