Vinte e quatro deputados estaduais indicaram ao governo do Espírito Santo a realização de estudos sobre a dessalinização de águas do mar. Entretanto, ao invés de ouvir cientistas e técnicos sobre o tema, o presidente da Assembleia Legislativa (ALES), Theodorico Ferraço (DEM), quer que os parlamentares visitem Brasília para ouvir informações.
O presidente da Casa já convidou os deputados interessados no tema dessalinização a participarem de uma audiência na Embaixada dos Emirados Árabes, em Brasília. A data ainda não está definida. O presidente busca justificar que, na audiência, os parlamentares tomarão conhecimento dos projetos de dessalinização de água desenvolvidos pelos países árabes.
Desta forma, ouvir os especialistas, sejam os pesquisadores ou os que aplicam a tecnologia no país, não será a primeira tarefa dos parlamentares. No Brasil, existem diversas instituições e algumas empresas que estudam o tema.
Há, por exemplo, o sistema de dessalinização criado pelo Laboratório de Referência em Dessalinização (LABDES) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba. Este mais aplicado à salobra, do semi-árido, mas é usado, por exemplo, em Fernando de Noronha.
Os 24 deputados que fizeram indicação coletiva ao governo do Estado sobre a dessalinização das águas do mar no litoral capixaba adotaram a medida de número 935/2015. No documento, os deputados pedem ao governo do Estado que realize estudo de viabilidade para realização da dessalinização.
Assinalam os deputados que a proposta tem como objetivo preparar o Espírito Santo para o enfrentamento da escassez de água doce no futuro próximo.
A Assembleia Legislativa informa que a proposta inicial foi através de projeto de lei do deputado Rafael Favatto (PEN). A proposta foi considerada inconstitucional, porque a medida é de prerrogativa do Executivo. Junto a outros parlamentares, a proposta passou a ser de indicação coletiva ao governo.
A Web Ales informa que assinaram o pedido os deputados Rafael Favatto (PEN), Marcelo Santos (PMDB), Sandro Locutor (PPS), Theodorico Ferraço (DEM), Guerino Zanon (PMDB), Nunes (PT), Dr. Hércules (PMDB), Hudson Leal (PRP), Euclério Sampaio (PDT), Bruno Lamas (PSB), Raquel Lessa (SD), Eliana Dadalto (PTC), Enivaldo dos Anjos (PSD), Padre Honório (PT), Freitas (PSB), Edson Magalhães (DEM), Gildevan Fernandes (PV), Dary Pagung (PRP), Amaro Neto (PPS), Pastor Marcos Mansur (PSDB), Cacau Lorenzoni (PP), Sergio Majeski (PSDB) e Erick Musso (PP).
No Espírito Santo, o governo do Estado não contribuiu com a produção de água, o que ocorre com plantios de espécies nativas. Além disso, o governo ainda incentiva o plantio de eucalipto, que consome grandes quantidades de água.
A água que é produzida durante o tratamento dos esgotos, de uso indicado para a indústria nas condições atuais de tratamento, é jogada fora.
No mundo
A utilização de água dessalinizada é antiga. Já em 1928 foi construída em Curaçao uma estação com este objetivo, pelo processo de destilação artificial, com produção diária de 50 metros cúbicos de água potável. Em 1971, as instalações de Curaçao foram ampliadas para produzir 20.000 m3 por dia.
No Chile, o processo de dessalinização com destilação solar, foi aplicado em 1961. Em 1964, começou a funcionar o alambique solar de Syni, ilha grega do Mar Egeu, apontado como o maior da época, para abastecer de água potável a sua população de 30 mil habitantes. A Grã-Bretanha produzia em 1965, 74% de água doce que se dessalinizava no mundo, num total aproximado de 190 mil metros cúbicos diários.
A Petrobras começou em 1987 a dessalinização de água do mar para atender às suas plataformas marítimas, usando o processo da osmose reversa.
As maiores usinas funcionam no Kuwait, Curaçao, Aruba, Guermesey e Gibraltar. Todo o abastecimento nestas áreas é feito com água doce retirada do mar.
Hoje, são cerca de 7.500 usinas em operação no Golfo Pérsico, Austrália, Espanha, Malta e Caribe. Produzem 4,8 bilhões de metros cúbicos de água salgada em água doce, por ano. O custo, ainda alto, está em torno de US$ 2,00 o metro cúbico.