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Desafios para as mulheres agricultoras ainda são enormes no Estado

Nos 20 anos da Marcha das Margaridas, Augusta Buffolo, da Fetaes, destaca o preconceito e o fim das escolas do campo

Passaram-se 20 anos da 1ª edição da Marcha das Margaridas, que acontece de quatro em quatro anos em Brasília, e é realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). A marcha reúne mulheres do campo, das florestas e das águas de diversas partes do Brasil, inclusive do Espírito Santo, onde os desafios para as agricultoras ainda são enormes, como afirma a secretária de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Espírito Santo (Fetaes), Augusta Buffolo. 

Uma dessas dificuldades, afirma, é para a concessão de linhas de crédito para a trabalhadora agrícola, não pela ausência desse tipo de política, mas por não haver confiança em garanti-la para as agricultoras. “Há um preconceito com as mulheres na hora do atendimento para buscar a linha de crédito, como se não tivessem responsabilidade nem condições de arcar com o financiamento”, pontua. 

Também faz parte da luta das agricultoras capixabas o investimento na educação do campo. Ela destaca que, principalmente na última gestão do governador Paulo Hartung, escolas do campo foram fechadas, obrigando crianças, jovens e adolescentes a estudar em colégios do centro das cidades, nos quais não se têm uma metodologia de ensino pautada na realidade dos trabalhadores rurais.
“Educar as crianças nas escolas do campo é valorizar a agricultura e contribuir para a permanência das pessoas no campo. Investir nesse tipo de educação dá certo, é importante, empodera a criança no que diz respeito à agricultura familiar”, defende Augusta, que aponta, ainda, a necessidade de mais profissionais de assistência técnica e extensão, pois há poucos no Instituto Capixaba de Assistência Técnica, Pesquisa e Extensão Rural (Incaper), não sendo possível atender à demanda. 
‘Margaridas Capixabas’
Em comemoração aos 20 anos da Marcha das Margaridas, nesta quinta-feira (27), a partir das 14h, a Fetaes realizará por meio de sua página no Facebook a live “Margaridas Capixabas: da Semente às Margaridas”. Além de Augusta Buffolo, participarão a 1ª coordenadora de Mulheres da Fetaes, Maria Emília Brumat; a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, Mazé Moraes; a integrante da Comissão Estadual de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Espírito Santo (CEMTR/ES), Márcia da Silva Bóbbio; a professora, educadora social e artesã, Rosangela da Silva Soares; e a doutora em Educação e professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Maria do Socorro Silva. 
Margarida Alves
A Marcha das Margaridas reúne mulheres do campo; das florestas, como as que trabalham nos seringais; e das águas, a exemplo das que atuam na região amazônica. Reivindica, entre outros direitos, políticas públicas para as mulheres, principalmente as do campo; investimento em educação do campo e no Sistema Único de Saúde (SUS), além de renunciar os retrocessos impostos pelo Governo Bolsonaro (sem partido). 
O nome da marcha é uma homenagem à líder sindical paraibana Maria Margarida Alves, assassinada em 13 de agosto de 1983. Ela liderava o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, onde, segundo o portal Geledés, protagonizou lutas como a carteira assinada e direito ao sítio, pois os patrões plantavam a cana até na porteira da casa. Margarida, então, reivindicava uma área na qual o trabalhador pudesse ter suas plantações e dar vida digna à sua família.

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