“Rio de Lama” está disponível em versões para celular (gratuito) e computador, em português e inglês
Ainda incomum nos jogos eletrônicos de entretenimento, a temática ambiental dá o tom das aventuras que compõem “Rio de Lama: o Resgate do Rio Doce”, jogo criado por um grupo de amigos com experiência em trabalhos de audiovisual e artes gráficas voltados para a proteção da natureza no Espírito Santo, com apoio da Lei Aldir Blanc.
A inspiração para a trama eletrônica é o maior crime socioambiental registrado no Brasil e um dos maiores da mineração mundial: o rompimento da Barragem de Fundão, de propriedade da Samarco/Vale-BHP, ocorrido em Mariana/MG, em novembro de 2015, que despejou 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, destruindo toda a biodiversidade aquática, além de criar uma contaminação crônica na água e sedimentos do rio, destruindo, consequentemente, as relações econômicas, ambientais e culturais estabelecidas tradicionalmente com o Rio Doce por comunidades rurais e urbanas ao longo de mais de 600 km do seu leito, além de comunidades costeiras de praticamente todo o litoral capixaba, especialmente no entorno da Foz, em Linhares e em toda a porção norte.
Com versões para celular (digital 2D no mobile para o Android, gratuita) e computador (Windows, Linux e Mac), e em português e inglês (“Mud River: The Sweey River Rescue”), o jogo tem como objetivo central levar o protagonista, “Pacal, o grande”, à vitória contra o vilão “Dr. Welin”, impedindo a destruição total do Rio Doce.
Designer gráfico, programador e mestre em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Felipe Mattar conta que “Pacal quer impedir a destruição completa do rio tomado pela lama” e que, nessa saga, se envolve em “muitas emoções para concluir os desafios”, como os trilhos de fogo e outros perigos encontrados no caminho em busca de uma relíquia sagrada para salvar o Rio Doce.
O jogador, explica, controla uma nave espacial com objetivo de destruir os inimigos em fases que precisam ser desbloqueadas. A missão conta com duas armas principais com munição infinita e mais três armas secundárias que podem ser usadas com a quantidade de esferas de energia que o jogador conseguir coletar.
O jogo tem três fases e se encerra com a destruição da fábrica geradora de todos os males, mas também com a fuga do vilão. “A ideia é dar continuidade à história, seja com mais fases do jogo ou com outros jogos”, anuncia Felipe.
A proposta por trás das aventuras, salienta, é “dar visibilidade e manter viva a memória do desastre, a fim de que não caia no esquecimento e possa contribuir de alguma forma para evitar futuras tragédias semelhantes. Passados seis anos, agora é que algumas pessoas começaram a receber indenizações, mas ainda está muito longe de uma compensação e reparação justa”, observa.
O jogo, complementa, também quer levar uma mensagem para além do Rio Doce, a de que “todos os rios do planeta que sofrem pela má conduta de pessoas e empresas que se utilizam do meio ambiente de maneira irresponsável necessitam de nosso cuidado e de nosso respeito”.
Diferenciais importantes no universo dos jogos eletrônicos de entretenimento, acredita o programador. “Não conheço outros jogos que estejam tão diretamente ligados à conscientização ambiental”, comenta.
Todo o trabalho para a concepção e o lançamento do game, além de Felipe Mattar, teve o suporte de um time de profissionais, dentre eles, Ana Clara Gouvêa Calmon (designer gráfico), Huemerson Leal Cota (ilustrador e efeitos especiais), Fernando Boechat (trilha sonora) e Raphael Gaspar (autor do enredo, redator e produtor executivo).
O “Rio de Lama: O Resgate do Rio Doce” é uma produção da distribuidora Rocpain Games, que tem o apoio do Instituto Últimos Refúgios para a conservação ambiental, Governo do Estado, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo.
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