O desmatamento em uma área de aproximadamente 2,5 mil metros quadrados na encosta do Morro do Moreno, em Vila Velha, continuou nesta quarta-feira (3). Desta vez, de acordo com Lupércio Araújo, do Instituto Orca, as equipes da prefeitura do município cortaram árvores já na Área de Preservação Permanente (APP).
O ambientalista chegou a comparar a retirada das árvores, muitas das quais possuíam cerca de 15 metros de altura, aos desmatamentos ocorridos em larga escala na Floresta Amazônica, tanto pelo barulho da queda da vegetação quanto pela clareira deixada na encosta.
Na área, será construído um estacionamento planejado para atender à demanda do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes), situado à esquerda do local desmatado. A área pertence ao governo do Estado e é contígua à Área de Preservação Permanente (APP), que pelo Código Florestal Brasileiro é definida como encostas ou partes destas com declividade superior a 45°.
De acordo com Lupércio, a vegetação que está sendo retirada pela prefeitura se dividia entre trechos nativos e trechos em recuperação. O desmate começou na tarde dessa terça-feira (2) e abriu uma clareira no meio do remanescente de Mata Atlântica preservado no local.
De acordo com Lupércio, os trabalhos da prefeitura devem continuar ainda nesta quinta-feira (4). “É importante lembrar que, justo neste dia 3 de setembro, quando é comemorado o Dia do Biólogo, os órgãos que deveriam dar o exemplo e fiscalizar não o fazem, sem dar estímulo a ações de preservação ambiental”, ressaltou.
O representante do Instituto Orca lembrou que a encosta desmatada é parte da área de escoamento de toda a água da porção leste do Morro do Moreno, onde antes da urbanização da cidade de Vila Velha existia um rio. Na atualidade, quando chove, é possível ver o caminho do antigo rio, que se forma no mesmo local, passa pelo Clube Libanês, e deságua no mar, como explica Lupércio. Para que houvesse o desmatamento da região, seria necessária uma grande obra de engenharia para conter as águas e os possíveis desmoronamentos que podem ocorrer no local.
O ambientalista também afirma que a retirada das árvores da encosta representa um risco para os moradores do local e, principalmente, para os pacientes e funcionários do Crefes, já que, sem a proteção da encosta, a área se torna ainda mais vulnerável a pedras e grandes quantidades de terra que podem despencar do morro com as fortes chuvas. As construções em volta correm o risco de serem atingidas e, além disso, as galerias podem ser entupidas e dificultar o escoamento das águas.