O desmatamento da Amazônia está refletindo na quantidade de chuvas em algumas regiões do País, mesmo com alguma queda na extração de árvores nos últimos anos. A degradação da flora no bioma está diretamente ligada à falta de chuvas, que atualmente prejudica as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Esse fenômeno é conhecido como rios voadores.
O ambientalista Vagner Luis, diretor executivo da GreenClick, empresa que converte a audiência de sites em árvores plantadas para neutralizar a emissão de CO2 gerado pelo consumo de energia dos servidores, alerta para a seguinte preocupação: o desmatamento da Amazônia contínuo faz com que os rios voadores fiquem cada vez mais secos e sem força para chegar a outros estados.
Devido ao bloqueio das correntes de vento, a grande massa de umidade, que viria do território amazônico, sofre uma queda em relação ao quadro de chuvas de verão. Resultado disso: mananciais secos e reservatórios com 30% da capacidade. No caso do Espírito Santo, há dois fatores em jogo: a evaporação e a má administração dos reservatórios de água.
O corredor de nuvens é favorecido por outros polos de conservação, como o Cerrado e a Mata Atlântica, mas, quanto mais desmatamento, menos umidade. Para fazer com que os rios voadores retomem o caminho natural, o reflorestamento é a saída.
No Espírito Santo, alguns municípios enfrentam o drama de quase todo verão: a falta de água. Há pelo menos dez dias, Nova Almeida, na Serra, e vários bairros de Guarapari enfrentam crise de abastecimento. O argumento da Companhia Espírito Santense de Abastecimento (Cesan) é que a escassez de água nos principais rios de Guarapari (Conceição, Jabuti e Benevente), devido à falta de chuvas, é a responsável pela situação. As altas temperaturas, que provocam a rápida evaporação, também explicariam a crise no abastecimento.
A Cesan divulgou na imprensa estadual que em Nova Almeida a falta de água é ocasionada por ligações clandestinas, além do alto número de visitantes nessa época do ano. A argumentação da Cesan, no entanto, revela um problema de gestão, já que no verão de 2014 a quantidade de chuvas foi maior e, mesmo assim, a população sofreu com a falta de água. A companhia justificava, dizendo que a água ficava “barrenta” devido à temporada de chuvas, o que comprometia a capacidade de tratamento da água por parte da empresa, afetando o abastecimento.