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Desova de tartaruga em Camburi terá cercamento e campanha de sensibilização

Tartarugas marinhas preferem praias mais desertas, com menor influência da presença humana, seja através da poluição por resíduos sólidos e líquidos, poluição sonora ou visual, ou a mais grave delas para esses répteis jurássicos, a fotopoluição ou o excesso de iluminação artificial.

A fotopoluição afasta as fêmeas e é um risco real para a sobrevivência dos filhotes, que ficam desorientados e, ao invés de seguirem para o mar após o nascimento, caminham em direção aos calçadões e ruas, confundindo a luz dos postes com a luz natural que emana do mar, em praias mais selvagens.

Pois a desova realizada na praia de Camburi na noite da última terça-feira (29), na altura do Quiosque 7, fato raro no litoral da Capital, vai requerer cuidados muito especiais. Ainda esta semana, o Projeto Tamar irá ao local para fazer o cercamento e sinalização, informando sobre a existência do ninho e a necessidade de não realizar qualquer tipo de interferência ou depredação.

Por volta do dia 10 de janeiro de 2017 – pouco menos de 45 dias após a nidificação – os técnicos do Tamar farão um monitoramento mais próximo da desova, em conjunto com a Scitech, empresa contratada pela Petrobras para realizar o Programa de Monitoramento de Praias na costa capixaba.

Os filhotes da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) nascem após 45 a 60 dias após a nidificação. Nesse período, é preciso estar atento ao momento da eclosão dos ovos para orientar os filhotes a caminharem em direção ao mar e evitar seu atropelamento ou morte por desidratação e insolação.

Num litoral tão poluído como o da capital capixaba, com a presença, já confirmada e constatada cientificamente seguidas vezes, de poluentes diversos, a visita inesperada de uma tartaruga marinha em situação de desova parece um sinal de que é preciso continuar a luta pela retirada do esgoto, do lixo e principalmente do pó preto – segundo pesquisas da bióloga Iara Costa Souza, dos três principais contaminantes, o pó preto foi o único que permaneceu na cadeia trófica, sendo encontrado nos organismos de peixes, plantas e crustáceos analisados – que degrada há décadas o mar, a areia e os manguezais da cidade.

Além da Caretta caretta, a Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro ou gigante) também desova no litoral capixaba. A foz do Rio Doce é o principal sítio reprodutivo, sendo o segundo maior da cabeçuda e o único da gigante em todo o Brasil. Há também concentrações de desova na região de Anchieta, sul do Estado, mas o norte capixaba é o principal ponto.

Desovas esporádicas também podem acontecer aleatoriamente, sem ainda uma explicação por parte dos pesquisadores. Em 2013, uma tartaruga-gigante desovou em Vila Velha. “São casos aleatórios, não indicam qualquer tipo de modificação na qualidade ambiental das praias”, afirma o biólogo Tommy Magalhaes Souto, da Base de Vitória do Projeto Tamar. 

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