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Diversas etnias se unem pela regeneração do Rio Doce no Encontro Ancestral

Localizada nas proximidades da foz do Rio Doce, a comunidade de Areal, em Linhares (norte do Estado), se prepara para receber a quarta edição do Encontro de Cultura Ancestral, que reúne diversos grupos étnicos, ativistas e movimentos sociais e culturais para pensar a articulação em prol da regeneração dos afetados pelo crime do rompimento da barragem de mineração da Samarco/Vale-BHP em Mariana (MG).

O evento acontece nos dias 1, 2 e 3 de novembro e está com inscrições abertas por formulário online. Areal é uma pequena comunidade, com cerca de 60 famílias, sem restaurantes ou pousadas. O alojamento dos participantes é feito de forma solidária com camping na casa de moradores e espaços comunitários. A alimentação será coletiva e feita por voluntários.

Foto: Thamira Bastos

O espírito colaborativo é marca do encontro, que é co-realizado pela comunidade de Areal junto com grupos como Aliança Rio Doce, Regenera Rio Doce e outras coletivos e entidades. “O encontro vem acontecendo nos últimos anos como resultado da pulsão da comunidade de Areal em busca de suas origens e do resgate cultural, encontrando-se com o coletivo Aliança Rio Doce. Começamos a produzir juntos, com esse desejo de se encontrar e produzir coisas a partir do afeto e da cultura, como resposta ao que o rompimento da barragem nos impôs”, conta Hauley Valim, um dos organizadores.

Os moradores de Areal, quase todos familiares, se afirmam como descendentes dos botocudos que historicamente habitaram a região do entorno do Rio Doce. Perderam boa parte do território para a pecuária e poços de petróleo. Para piorar veio o crime no rio que é fundamental no modo de vida da comunidade. No ano seguinte, surgiu a ideia do encontro, que ajuda a fortalecer a comunidade e tecer novas redes de apoio e solidariedade.

No primeiro Encontro de Cultura Ancestral, se reuniram com Tupiniquins e Guarani das aldeias de Aracruz. No segundo, somaram-se os krenaks, de Minas Gerais, e pataxós, vindos da Bahia. E no último com comunidades quilombolas e do manguezal, também afetados pela lama de rejeitos. Neste ano, somam-se a indígenas da etnia pancararu. Grupos, coletivos e etnias chegam de vários lugares do Brasil para se encontrar neste local antes esquecido e agora epicentro de um movimento silencioso mas potente para pensar as resistência de quem foi atacado repentina e violentamente por um dos maiores crimes socioambientais da história do país.

Foto: Divulgação

Para o quarto encontro, as atividades se dividem entre oficinas, rodas de conversa e celebrações. Entre as oficinas, ensino de como fazer cocar, artesanato com sementes, cerâmica indígena, homeopatia e florais, pintura corporal indígena. Na parte cultural haverá maculelê, forró, congo, jongo e outras manifestações vindas das comunidades e artistas colaboradores. Outro ponto forte é a tenda de saúde, com atendimentos e atividades terapêuticas como reiki, massagem, práticas corporais, plantas medicinais e outras atividades tão importantes num local onde não só as pessoas mas a natureza necessita de cuidado e de cura.

Neste ano, outra novidade será um momento de celebração inter-religiosa, momento ecumênico em que haverá um diálogo entre os representantes e praticantes de diferentes crenças buscando criar uma atmosfera positiva e de respeito e troca, em contraposição à intolerância e hostilidades que se apresentam na sociedade.

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