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Documento revela monitoramento da Vale a lideranças no Estado

Mais um dossiê relevado pelo ex-gerente de Inteligência Corporativa da Vale, André Almeida, aponta monitoramento a lideranças de 23 “áreas de influência” da empresa no Espírito Santo. Estão incluídos na lista seis sindicalistas e lideranças comunitárias de 11 bairros de Vitória e Serra, e ainda uma de Anchieta, sul do Estado, onde a empresa pretendia construir a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU). Também há relatos sobre ações do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos movimentos comunitários de Fundão, Colatina e Baixo Guandu. 
 
O documento é intitulado “Avaliação das Áreas de Influência da Vale no Espírito Santo” – locais e/ou regiões sensíveis às ações dos Movimentos Políticos, Sociais e Indígenas (MPSI) –; Complexo de Tubarão 2010. Embora venha à tona somente agora, com a última atualização datada de 2009, informações do denunciante afirmam que os investigados são alvos constantes das ações do setor de Segurança da empresa.
 
Além do Espírito Santo, o documento indica monitoramento a 25 áreas no Maranhão; 35 no Pará; 10 no Rio de Janeiro; 12 em Minas Gerais, um em Goiás e seis na Bahia. Somando todos os estados, são ao todo 112 áreas investigadas pela Vale no país. 
 
Todos os relatórios apontam tópicos sobre Tipo do Negócio, Ponto, Descrição do Problema (veja tabela abaixo), Principais Lideranças, Município e Outras Informações. A empresa classificava cada área de acordo com seu grau de “Criticidade”, separada pelas cores verde, amarela, laranja e vermelha.
 
Na Capital do Estado, estão relacionadas na lista da Vale as lideranças comunitárias Solange Flores (Condomínio Atlântica Ville); Waldemar Oliveira (Jardim Camburi); Marilza Celin (Ilha do Boi); Otacílio Coser/Paulo (Ilha do Frade); Manoel Henrique (Mata da Praia) e Dala (Jardim da Penha). Já nos bairros da Serra Nilton Rossi (Bairro de Fátima); Milton (Manoel Plaza); Mary (São Geraldo), Gideão Svensson – atual vereador da Serra pelo PR – (Eurico Salles) e Mauro Natalício (Helio Ferraz).
 
Em Anchieta, sul do Estado, o nome é do ambientalista Bruno Fernandes da Silva, que presidia o Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), responsável por apontar inúmeras irregularidades na condução do processo de licenciamento ambiental da CSU em Anchieta, denunciado ao Ministério Público do Estado (MPES). Bruno Fernandes não atua mais no Estado.
 
Em relação aos sindicalistas, o mapeamento indica os nomes de João Batista, do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Estado do Espírito Santo (Sindifer); Carlos Alberto Mazzoni, do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários (Sindirodoviários); Alvarenga, do Sindicado dos Seguranças do Estado (Sindseg); Paulo César, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintraconst); Roberto Pereira, do Sindicato dos Metalúrgicos do Estado (Sindimetal) e Kepler Daniel – ArcelorMittal – e Adir Barbosa – Vale, ambos do Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do Estado (Sintec-ES). 
 
São citados ainda Everton Pereira, Andriano Peres, Vanderson Helker, João Milton Moreira, Vinícius Santana, Leonardo Nunes, Emerson Salles, Sônia Maria do Carmo, Maria Aparecida Gomes Pereira, Carlos Henrique Medeiros, Jaqueline dos Santos, Aline Rodriguês, Silvio de Sá, Pedro Ivo Gripe, Marques Felipe da Costa, Marcos Vinícius Almerindo, Valdeir Moreira Barbosa e Wellington Pereira Pinto, do MAB (Cariacica); Evaldo Flegler e Rogério Coffeler (movimento comunitário de Colatina) e Vanilda Soares dos Santos e Carlos Benedito Bicalho (movimento comunitário de Baixo Guandu). Esses teriam relação, segundo o documento, com interdições da ferrovia da Vale. Sobre o MST, é relatada intenção de realizar manifestação no Portocel, porto da Aracruz Celulose (Fibria), em Barra do Riacho, município de Aracruz, com foco nas empresas Aracruz, Portocel e Vale” – não houve registro sobre principais lideranças. 
 
 
Outra informação apontada pela área de Segurança no relatório se refere ao conflito entre índios e a Aracruz Celulose, que culminou com o processo de autodemarcação do território de 11.009 hectares. A Vale demonstrava preocupação: “no levantamento que fizemos com base no mapa da Funai [Fundação Nacional do Índio], as áreas Guarani e Tupiniquim (Terra Indígenas Comboios e Tupinquim – Caieiras Velhas, Pau Brasil e Irajá” incorporariam trecho da EFVM [Estrada de Ferro Minas Vitória], que atende Portocel”.
 
De acordo o denunciante, os Movimentos Políticos, Sociais e Indígenas (MPSI) tinham como subprodutos o monitoramento de lideranças, a antecipação de ações, a descoberta de planejamento e até incitação contra outras empresas para retirar o foco da Vale. O que era possível com a manutenção de infiltrados nas entidades, contratados por meio de empresas especializadas, principalmente a Network Inteligência Corporativa. 
 
Nessa sexta-feira (14), Ricardo Ribeiro, advogado e porta-voz do ex-gerente André Ribeiro, solicitou à Justiça que os contratos e convênios firmados com esta e mais 20 empresas (veja quadro abaixo) sejam apresentados pela Vale “objetivando confirmar as atividades de espionagem”. 
 
A Diretoria de Segurança Empresarial atuava também com a realização de “case”, que detalhava investigações realizadas pelo setor, envolvendo empregadores próprios e terceirizados, além de fornecedores. Os trabalhos incluíam filmagens, fotografias e gravações. Outro instrumento utilizado pela empresa era os “mosaicos”, relatórios finais de investigação apresentados à diretoria e à presidência da empresa. 
 
A denúncia do ex-gerente de Inteligência Corporativa, que ganhou a imprensa nacional em abril deste ano, aponta ainda para grampos telefônicos, quebras de sigilo bancário, invasão de privacidade, ameaças, subornos, chantagem e coações. 
 
Áreas de influência – descrição do problema

 

Contratos (infiltrados)

Network Inteligência Corporativa

Kroll Associates Brasil Ldta
RS&M RH
Cadastral (substituta da RS&M)
GV Risco
Control Risks do Brasil
Júlio Sérgio Jardim Monteiro (contrato pessoa física)
Gravação do COSE Vitória
Contratos Aviação em Carajás
Convênios Secretaria de Segurança Pública do Pará e Espírito Santo
Sicurezza Gestão de Riscos Corporativos Editora e Distribuidora Ldta
 MPM Propaganda Ldta
Agência África
Sem Parar
W.O Engenharia
 Casablanca Comunicação e Marketing
 Sacramenta Serviços Especializados de Segurança e Vigilância Ldta
Estrela Azul – Serviços de Vigilância e Segurança Ltda 
RV Produções e Promoções de Eventos Ldta
Século XXI Produções e Comunicações Ldta
Eyes On The Road Produções e Comunicações Ldta
Berlim Produções e Comunicações Ltda

 
 

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