Parque terá 16 hectares, incluindo área reflorestada, que faz corredor ecológico com mata particular
A Prefeitura de Dores do Rio Preto, na região do Caparaó, prepara a criação de sua primeira unidade de conservação pública, que irá proteger uma área verde de 16 hectares localizada no centro da cidade. Audiência pública ocorrida nessa terça-feira (2) aprovou a proposta, que seguirá em forma de projeto de lei para apreciação da Câmara de Vereadores.
A intenção é construir, dentro do futuro parque, um centro de vivência e de educação ambiental, junto com a sede do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), segundo informa o secretário, Juan Ricardo Carvalho Senna. “Também faremos um trabalho nessa nascente”, acrescenta, referindo-se aos olhos d’água que dão o nome atual da área, Bicas da Mata.
Inicialmente protegida como unidade de conservação criada no final dos anos 1990, após a instituição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), surgiu a necessidade de adequar a lei original às categorias de UCs previstas no Snuc. Os estudos, explica Juan Ricardo, apontaram para a categoria de Parque Natural Municipal.
O nome da futura UC, agora enquadrada na legislação nacional, será decidido por meio de enquete junto à população. “É uma forma de aproximar a população do parque. Inclusive na audiência pública houve a participação de alunos do Curso Técnico de Turismo e Meio Ambiente da Escola [EEEFM] Pedro Alcântara Galvêas”, ressalta Juan Ricardo.
Uma das opções de nome que será apresentada é Parque das Aves, devido à grande quantidade de espécies de aves identificadas na área, incluindo três ameaçadas de extinção. O levantamento da fauna local consta em um estudo biótico contratado junto à Universidade Federal de Viçosa (IFV), com recursos de compensação ambiental de uma obra da Companhia Espírito- Santense de Saneamento (Cesan), que também financiou o estudo antropológico, ambos necessários para embasar a proposta de criação da UC.
Outra intenção é aproveitar a aguardada sanção, pelo governador Renato Casagrande (PSB), do ICMS Ecológico do Espírito Santo – cujo projeto de lei, de autoria do deputado Sergio Majeski (PSDB), foi recentemente aprovado na Assembleia Legislativa – para angariar os recursos para as obras e outros trabalhos dentro do futuro parque.
“Anos atrás ali era um cafezal. Reflorestamos uma parte com quatro mil mudas de árvores, também com recurso de compensação da Cesan, fazendo um corredor ecológico com uma mata particular”, descreve o secretário.
Oásis
Município-sede da portaria capixaba do Parque Nacional do Caparaó, a maior UC do Estado, Dores do Rio Preto tem seu território dominado por monocultivos. Segundo o Atlas da Mata Atlântica do Espírito Santo de 2018, até 2015, 33,8% do território era ocupados por pastagens, 18,9% com café, e 5,1% com eucalipto. Mata nativa ocupava apenas 17,6%, a mata em estágio inicial de regeneração 7,3%, e a macega, 4,5%.
Atualmente, além do Parna Caparaó, há somente mais duas unidades de conservação, ambas privadas, Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), uma delas contígua ao Parna, localizada em Mundo Novo, de propriedade da diretora-executiva do Consórcio Público Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó Capixaba (Consórcio Caparaó), Dalva Ringuier. Quando secretária de Turismo do município, foi dela a iniciativa de criar a atual UC, que será recategorizada conforme o Snuc.
“É uma área verde muito importante para a cidade. Reflorestamos e fizemos um corredor ecológico. Agora é preciso adequar ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação”, reforça a diretora-executiva.
Após aprovação pela Câmara, a Prefeitura irá solicita apoio do Estado para continuar a regulamentação do parque. “Solicitaremos à Seama e ao Iema [Secretaria e Instituto estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] o Plano de Manejo. É algo pelo que estamos lutando desde a criação da Semma, em 2019”, salienta Juan Ricardo.