A dragagem da área do estaleiro Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA) ainda impede pescadores de trabalhar. Os pescadores denunciam que a empresa já ultrapassou prazo da licença para a operação em dois meses, e a atividade continua. O prejuízo para os pescadores é acentuado, e são afetados os pescadores familiares da Barra do Riacho e da Barra do Sahy.
O presidente da Associação dos Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy (ASPEBR), Vicente Buteri, lembrou que a licença da Jurong para a dragagem foi pelo prazo de 350 dias. Afirma que os pescadores não foram comunicados pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) sobre eventual prorrogação da licença, e a Jurong mantém os serviços, mesmo prejudicando os pescadores.
Desde 2010 os pescadores da Barra do Riacho convivem com os danos causados à atividade com a chegada do estaleiro da Jurong. A manutenção da dragagem tira as condições de trabalho dos pescadores familiares. O problema, explica Vicente Buteri, ocorre em virtude da lama branca que tomou conta dos pesqueiros, destruindo tudo.
Ele assinalou que a dragagem do estaleiro é realizada em diferentes etapas, em turno de 24 horas ininterruptas. São cerca de 5 milhões de metros cúbicos de sedimentos e a área dragada fica situada em frente do EJA, com 83 hectares de extensão.
“A preocupação dos pescadores é porque a Jurong não gosta de cumprir as condicionantes e recentemente chamou o Ibama [Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis] e a Polícia Ambiental para retirar alguns pescadores que estavam colocando redes próximo da empresa. Trouxe muito descontentamento e revolta. Inclusive, alguns pescadores tiveram suas redes tomadas pela Polícia Ambiental”, denuncia Vicente Buteri.
E acentua: “Lamentamos o fato, porque esta área pertence aos pescadores e foram usurpadas pela Jurong, que demonstrou não ter técnicos competentes para lidar com as comunidades tradicionais. Com ela, só a força resolve. Infelizmente não adianta pedir ao Iema para fiscalizar a dragagem, porque sabemos que não vai adiantar nada”.
A Jurong usa batelões, um tipo de draga, que foram instalados na área pesqueira. Por isso, os pescadores estão impedidos de pescar na área, tanto pela presença dos batelões quanto pelo movimento que a dragagem provoca no mar.
A instalação da Jurong produziu muitos outros impactos na área, como aterros de riachos, intenso trânsito de máquinas, gerando poluição, e perda visível na biodiversidade marinha e terrestre. Além dos pescadores, moradores do litoral norte também são prejudicados.
Em 2010, a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema) denunciou que o estaleiro não realizou Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) para o licenciamento do empreendimento, como determina a lei. A região é impactada ainda pelo Portocel.