Cientistas criticam parlamentares e ANTT por aceitarem permanência da BR 101 dentro da Rebio de Sooretama
“A concessionária está contabilizando apenas o gasto com a obra, com asfalto. Mas quem vai pagar o ônus ambiental e climático?” O questionamento é do professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) Luiz Fernando Magnago, doutor em Ecologia e pesquisador dedicado há mais de uma década à Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama e demais remanescentes florestais preservados em seu entorno, no norte do Espírito Santo.
Também pesquisador experiente da biodiversidade da região, o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Aureo Banhos, doutor em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva, lamenta “a defesa rasa” dos parlamentares, resultado, acredita, de “falta de conhecimento de causa” e ausência de escuta a “quem entende e faz a gestão há décadas a duras penas daquele território”.
O crescente fluxo de veículos na BR 101, ressalta, tende a continuar aumentando os impactos sobre a floresta, como ocorre desde sua construção, feita ao arrepio da legislação ambiental na época, quando o Código Florestal já vigorava.
Apesar da negativa da ANTT e da concessionária em considerar essa alternativa, desde o início do licenciamento, a mudança do traçado originalmente posto no licenciamento ainda é possível de ser feita. “O contorno de Iconha não estava incluído no contrato inicial. Isso é só um exemplo de que é possível ocorrer uma mudança dessa envergadura também na região de Sooretama”, argumenta o deputado.