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Uma grande mobilização popular levou a Câmara de Ecoporanga a rejeitar a proposta de revogação de Lei nº 1640/2013,  do executivo, que proíbe a expansão das monoculturas de eucalipto no município.

A votação aconteceu na última segunda-feira (11) e, devido à pressão da população, teve o placar de 7 x 2, favorável à manutenção da lei em vigor. Igreja, associações, ONGs, pequenos agricultores, trabalhadores rurais sem terra, sindicatos e outros coletivos da sociedade organizada de Ecoporanga vinham há dias se reunindo para impedir a derrubada da lei. 

Fábio José Moreira Silva, da Cáritas local, conta que, dias antes do grande desfecho, uma passeata havia sido agendada e, coincidentemente, aconteceu no dia em que a matéria entrou na pauta da Câmara Municipal. A chuva limitou um pouco a participação popular, porém, mesmo assim, mais de cem pessoas compareceram em frente à Câmara.

“Mesmo sem querer, eles votaram com a gente”, conta Fábio, referindo-se à manifestação anterior dos parlamentares. “Havia seis vereadores ao lado do prefeito, que iriam votar pela revogação. Com a pressão da comunidade, eles mudaram”, relata o líder comunitário.

Mesmo obedecendo à vontade popular, no entanto, os edis fizeram falas contundentes contra os líderes da mobilização. “Tiraram do site da Câmara. Foram muitas palavras duras e até ameaças veladas contra os membros da Igreja. Consta na ata da sessão”, denuncia Fábio.

Fabio explica que a intenção de revogar a Lei nº 1640/2013 partiu de uma fazendeira do município, provavelmente, com apoio de mais dois grandes proprietários de terra locais, que plantou eucaliptos em sua propriedade no ano de aprovação da lei e, por isso, não conseguiu licenciamento do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf). “Ela processou o Idaf, mas perdeu na Justiça nas duas instâncias. Então, tentou revogar a lei na Câmara”. “Não fosse a lei, muitos outros teriam plantado”, informa.

O município tem sua economia baseada na agricultura, especialmente familiar, em pequenas propriedades, sendo o café e a pecuária as principais atividades. As grandes extensões de cafezais e pastagens causam problemas ambientais e sociais, mas o eucalipto, observa Fábio, “traz muito mais prejuízo”.

A missão agora é levar esse resultado para as comunidades, informar sobre a vitória, e continuar a mobilização em favor da conservação do meio ambiente, do acompanhamento do trabalho do legislativo, e do voto consciente. “Vamos continuar com a recuperação de nascentes, os reflorestamentos, e vamos criar um Gal, um Grupo de Acompanhamento ao Legislativo”, anuncia, ressaltando o apoio da população urbana, também, que ofereceu carros de som e até dinheiro para a mobilização. “Quem mexe com comércio não pode se expor, tem medo de se manifestar publicamente, mas apoia como pode”, diz. 

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