O chamado ao governador Paulo Hartung (PMDB) está sendo feito em campanha pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito Santo (Sindaema). O diretor Adaílson Freire, também do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), afirma que há desperdício quando a água que sai das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), apropriadas para uso industrial, é jogada fora.
A campanha do Sindaema conta com outdoors colocados em pontos estratégicos de Vitória (avenida Fernando Ferrari), Cariacica, Vila Velha e Serra (próximo à estação da Cesan). Na peça publicitária são cobradas coragem e atitude do governador. Segue a exigência de que a água tem que ser para o povo e não só para as grandes empresas.
Os outdoors são ilustrados com uma foto com o curso do rio Santa Maria da Vitória, interrompido na altura do local de captação, em Queimado, na Serra. A foto foi produzida nessa segunda-feira (16).
Ao invés da água de reuso das ETEs, a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) entrega água captada nos rios, e até água já tratada, às empresas poluidoras, como a Vale e ArcelorMittal, na Grande Vitória. As empresas pagam barato pela água que usam. A Samarco e a Aracruz Celulose (Fibria) captam diretamente dos rios e nada pagam por seu uso.
O Sindaema está realizando a campanha como parte das atividades do Dia Mundial da Água, lembrado no dia 22 deste mês. Os outdoors foram espalhados pelas cidades nesta quinta-feira (19). O Sindaema denuncia que a interrupção do rio é crime, pois é exigida a chamada vazão ecológica – um mínimo de água – até sua foz, para garantir a biodiversidade.
Vegetação nativa
Também o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) tem feito severas críticas ao governo do Estado, em relação à crise hídrica. Valmir Noventa, um dos coordenadores do MPA no Estado, afirma que entre outras medidas equivocada do governo, está o financiamento dos projetos para recuperação hídrica.
Ele afirmou que terceirizar o pagamento aos participantes dos projetos – poucos projetos, destaca – de recuperação de nascentes às empresas poluidoras é um absurdo. “As empresas desenvolvem projetos que matam. Depois, bancam alguns projetos só para que posam fazer publicidade, para enganar a população”, afirmou Valmir Noventa.
É o caso do projeto de recuperação de nascentes que será tocado pelo Instituto Terra, do fotografo Sebastião Salgado. Este mês, com mídia da Rede Gazeta, parceira no projeto, foi anunciado um grande mutirão para a recuperação de mais de 30 mil nascentes na bacia do Rio Doce, no Espírito Santo e em Minas Gerais. É o programa “Olhos D’água”, que será ampliado pelo instituto e desenvolvido ao longo de 30 anos. O financiamento desta fase do programa é da ArcelorMittal, uma das principais poluidoras da Grande Vitória.
Para o MPA os governos, tanto no plano nacional, estadual ou municipal, não podem transferir suas responsabilidade para o grande capital. Empresas como a Vale, ArcelorMittal, Samarco e Aracruz Celulose têm que ser punidas por seus crimes, defende o movimento.
Ainda sobre projetos que visam recuperar nascentes, Valmir Noventa afirmou que só há sucesso nos projetos quando há recuperação das áreas de recarga das nascentes, que são os topos dos morros, as encostas e os aquíferos.
Nos dois primeiros governos de Paulo Hartung (2003 a 201) e no de Renato Casagrande (2011 a 2014), ao invés do incentivo à recuperação da mata nativa, foi favorecido o plantio de eucalipto. A principal beneficiária deste modelo é a Aracruz Celulose, que destrói a água e a terra com seus eucaliptais. A empresa também é a principal responsável pelo elevado uso de agrotóxicos no Espírito Santo, que contamina a água e destrói o solo.