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Em pleno funcionamento, os ‘caça-chuva’ viabilizam reflorestamento do Sítio Jaqueira

Tecnologia coleta e armazena água da chuva em altos de morro. Sítio agroecológico teve 90% de área queimada

Reprodução/Rede social

Os “caça-chuva” já estão em pleno funcionamento no Sítio Jaqueira, localizado em Alegre, na região do Caparaó, e preparam o local para os reflorestamentos em Sistema Agroflorestal (SAF), que já estão sendo feitos. Referência na Agroecologia capixaba, o sítio teve 90% de sua área queimada há um mês e, dias depois, uma vakinha virtual financiou a reconstrução da agrofloresta. 

O “caça-chuva” é uma invenção do proprietário do Sítio Jaqueira, o agroecologista, plantador de água e educador ambiental Newton Campos. O sistema é inspirado nas cisternas do agreste brasileiro, com o acréscimo de uma “escadaria de torneiras”. Consiste em uma lona que recolhe a água, seja apoiada no chão (caça-chuva de terreiro) ou em forma de um pequeno telhado sobre mourões de madeira (caça-chuva de cumieira), e um encanamento que leva essa água para encher uma caixa d´água instalada em local estratégico do terreno (caixa coletora). A partir dela, a “escadaria de torneiras” preenche outras caixas d´água distribuídas ao longo da área (caixas armazenadoras) em que será feito o plantio. 


Armazenada, a água pode ser usada no momento adequado para o plantio das mudas que irão novamente esverdear a área, cumprindo sua missão de produzir oxigênio, água e alimentos saudáveis, além de consciência ambiental para estudantes e moradores da região.

O sítio, salienta, é uma escola de educação ambiental, focado em agricultura familiar e alunos de ensino médio técnico em agropecuária oriundos principalmente dos campi da Universidade Federal e do Instituto Federal do Espírito Santo (Ufes e Ifes) localizados nos arredores de Alegre.

“O sítio está entre o lixão da cidade e a cidade. Com esse trabalho, a gente refresca a cidade com oxigênio e sequestra carbono que vem do lixão”, ressalta. As visitas são centradas nas trilhas ecológicas pedagógicas. “Cada trilha é um assunto”, acentua o educador ambiental. “A escola continua!”, afirma. “Estamos ensinando a injetar água em córregos subterrâneos. Esse trabalho eu sempre falei que tem que ser feito em todo o Caparaó. Eu comecei há 30 anos aqui na Jaqueira. E tem que ser feito logo, em todo o Caparaó, pra fortificar os córregos, que vão alimentar rios, que alimentam várias cidades e que vão alimentar o porto que está sendo construído e que vai usar muita água do Itabapoana e do Itapemirim”, convoca o plantador de água, referindo-se ao Porto Central, um dos maiores projetos portuários em desenvolvimento no país, que trará milhares de pessoas para trabalhar nas obras, em Presidente Kennedy. 
Gratidão
O incêndio aconteceu no dia onze de setembro, em decorrência do fogo ateado em um loteamento próximo ao sítio, no perímetro urbano da cidade de Alegre. Em poucas horas, uma multidão de jovens começou a chegar para ajudar a apagar as chamas e outros voluntários se somaram nos dias seguintes para iniciar a reconstrução. 
A primeira medida foi fazer os terraços pra contenção de erosão que chuvas fortes poderiam provocar na terra desnuda de vegetação. Em seguida, foi refeito todo o cercamento da propriedade, pra proteger a área do gado de uma propriedade vizinha que poderia destruir todo o trabalho de recuperação por meio do pisoteio.

“Eu estou muito agradecida pela vakinha”, exalta Newton, emocionado pela enorme rede de colaboradores que imediatamente se formou logo após a tragédia. “Chorei muito no dia seguinte ao incêndio, de gratidão por tanto apoio. Me senti protegido, amado. É só gratidão”, diz.

O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) também se fez muito presente, destaca Newton, com a doação de todo o material para o cercamento do sítio, cuja mão de obra foi paga com o dinheiro da vakinha. Agora, com uma equipe fixa de trabalho, o reflorestamento segue em etapas. Em 2021, uma nova mobilização pode ser necessária para refazer os aceiros, durante o inverno.

Mais informações no página do Sítio Jaqueira no facebook e no canal do Newton Campos no YouTube.


‘A água é o bem mais comunista que existe’

Dos milenares campos de arroz chineses à mais moderna agroecologia brasileira. Do Pasquim das décadas de 1970 e 1980 ao Caparaó C


https://www.seculodiario.com.br/meio-ambiente/a-agua-e-o-bem-mais-comunista-que-existe

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