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Encontro Regional de Agroecologia do Sudeste tem diversidade como tema

Programação inclui vivências em sítios agroecológicos em Alegre e celebração dos 35 anos do Kapi´xawa

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O VI Encontro Regional de Grupos de Agroecologia do Sudeste (Erga-SE), que acontece este ano em Alegre, no Caparaó, tem a diversidade no campo e na cidade como tema. De 25 a 27 de novembro, agroecologistas capixabas, mineiros, cariocas e paulistas se encontrarão para trocar experiências, fortalecer a rede agroecológica do Sudeste e comemorar os 35 anos do Kapi´xawa, uma das mais antigas entidades voltadas para a agroecologia no país, localizado no campus de Alegre da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). 

As inscrições estão abertas até abertas até esta segunda-feira (21) pela internet. A acolhida aos participantes acontece na quinta-feira (24) e a saída para as vivências logo após uma aula de yoga e café da manhã. Em cada sítio, a oportunidade de viver a rotina da família e realizar uma atividade prática de agroecologia, explica a coordenadora geral do Kapi´xawa, Gabrielly Lamao. Entre as atividades, estão a atuação em um Sistema Agroflorestal (SAF) em estágio inicial, próximo a uma plantação de arroz no brejo e o plantio de água em uma área degradada. 

As famílias anfitriãs têm perfis diferentes. Amanda e Renan, por exemplo (foto acima), são um casal jovem que, com a filha, decidiram morar no sítio e trabalhar na terra como principal atividade econômica. 

Tais e Vinicius mesclam atividades, ambos são professores – Vinicius é biólogo e professor no Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes) e Tais é professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e têm a agricultura como atividade complementar.

Adão e Inês (foto abaixo) são assentados da reforma agrária. Os filhos de Inês estudaram em Escola Família Agrícola, que tem a agroecologia como princípio, e incentivaram a transição agroecológica, também por conta da preocupação com a saúde da família.

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Sebastiana e Valdir (foto abaixo) são agricultores camponeses e há aproximadamente 20 anos decidiram não utilizar mais agrotóxicos em sua propriedade por conta própria, também por temor de problemas de saúde, mas também pela preservação do meio ambiente. Gabrielly Lamao conta que, quando o Kapi’Xawa os conheceu, se surpreendeu com a prática agroecológica intuitiva e espontânea dos dois. “Além disso, Valdir faz letras de músicas, poemas e esculturas de barro”, acrescenta.

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Rivelino é agricultor familiar e despertou interesse pela agroecologia através do projeto Plantadores de Água. “Ele ia começar a criar gado, mas mudou de ideia e começou a plantar árvores frutíferas na área antes destinada à criação”, conta. 

E Newton tem mais de 30 anos de experiências com recuperação da água. Era artesão e trabalhava na feira livre para criar os filhos, tendo viajado por várias partes do país antes de voltar à propriedade da família em Alegre, quando começou a recuperar a terra, muito degradada, com cultivo de arroz e plantios de água. Hoje, o Sítio Jaqueira Agroecologia e Newton são uma referência em agroecologia região. 

O retorno das vivências acontece na tarde do próximo sábado (26), sendo seguido pela comemoração do aniversário do Kapi´xawa, com o Grupo Caxambu do Horizonte e um treino-roda de capoeira com o Grupo GCavan, de Alegre. 

A programação se encerra no domingo, com uma visita à Feira Agroecológica do Parque Getúlio Vargas, após um café da manhã solidário. 

Nutrição e agroecologia

Gabrielly ressalta a relação entre agroecologia e nutrição, ciência na qual está se graduando, em Alegre. “Precisa entender todos os processos relacionados ao alimento, desde a produção até chegar na mesa. Eu não me vejo na nutrição sem saber sobre agroecologia”, afirma. 

Uma interface importante é com o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). “Quando falamos de acesso a alimentos, em quantidade e qualidade, vemos que a feira, o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] são programas que fazem o elo da nutrição com a saúde humana e ambiental”. 

Gabrielly cita também a relação da agroecologia com a Lei Orgânica da Segurança Alimentar (Losan), mais explícita nos artigos 3º e 4º. Neste, é afirmado que “a segurança alimentar e nutricional abrange (…) a ampliação das condições de acesso aos alimentos (…); a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos; a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população; a garantia de qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos; a produção de conhecimento e acesso à informação; a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos (…)”. Tudo, sempre, em respeito à diversidade étnica e cultural do país e com atenção especial às populações mais vulneráveis. 

Há ainda os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o milênio, muito utilizado pelos países e corporações em suas tratativas mundiais e multilaterais, incluindo a Conferência da ONU sobre Clima (COP), que este ano ocorreu no Egito. Dos 17 ODS, a coordenadora do Kapi´xawa destaca seis mais relacionados com a agroecologia: “2. Fome zero e agricultura sustentável; 6. Água potável e saneamento; 10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis; 12. Consumo e produção responsáveis; e 13. Ação contra a mudança global do clima”.

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