A Confraria dos Amigos de São Torquato protocolou representação criminal para que sejam apurados e responsabilizados os atores do desmatamento na Área de Proteção Ambiental (APP) no Morro do Moreno, em Vila Velha, nos fundos do Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (Crefes). Protocolado no Ministério Público Federal (MPF) nessa sexta-feira (5), o documento requer que sejam adotadas as medidas cabíveis para a garantia da preservação ambiental na APP. Também requer providências para a paralisação imediata do corte de árvores no local.
Na justificativa, a entidade apresenta os argumentos do ambientalista Lupércio Araújo, que já alertou reiteradas vezes sobre o perigo de desmatar uma vegetação em uma das principais áreas de drenagem do Morro do Moreno. Árvores de até 13 metros de altura chegaram a ser retiradas do local e, ao contrário do que afirmou o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), o ambientalista afirma que árvores dentro da área de APP foram retiradas pelas equipes da Prefeitura de Vila Velha. O objetivo, com o desmatamento, seria construir um estacionamento para o Crefes.
Lupércio considerou que, para que houvesse o desmatamento da região, seria necessário que o governo ou a prefeitura construíssem, no mínimo, um dique seco que contivesse as águas que causam as inundações na região da Praia da Costa e os possíveis desmoronamentos que podem acontecer, já que não há mais árvores para agirem como sustentáculos. As inundações são resultado de um rio que existia no local antes da urbanização de Vila Velha, e descia o Morro do Moreno justamente pelo lado que sofreu desmatamento.
Lupércio atenta que com o rio que se forma durante as chuvas e a ausência da vegetação, aumenta o risco de desmoronamentos de pedra e de terra em direção à Praia da Costa, representando um perigo a todo o bairro e, sobretudo, à enfermaria do Crefes, que fica ao lado da área desmatada.
O corte das árvores começou na última terça-feira (2) e continuou até essa quinta-feira (4). Nesta sexta-feira (5), de acordo com Lupércio, as equipes da prefeitura que realizaram os trabalhos não voltaram ao local, aparentemente por terem finalizado o desmatamento da área de cerca de 2,5 mil metros quadrados. A área desmatada pertence ao governo do Estado.