A CPI do Pó Preto da Assembleia Legislativa se reuniu na tarde desta segunda-feira (2) para ouvir as entidades que militam na discussão dos danos causados pela poluição do ar na Grande Vitória. Os ambientalistas cobraram rigor dos membros da Comissão na apuração dos fatos.
O representante da ONG Juntos SOS Espírito Santo Ambiental, Eraylton Moreschi Junior, foi um dos que cobrou postura firme dos deputados. “Já entramos com várias ações no Ministério Público e ainda não fomos atendidos. A cada ano a poeira e o número de doentes estão aumentando. O assunto tem que ser tratado com rigidez, pois já foram comprovados os danos que o pó preto traz para a saúde”.
O discurso foi reiterado pelo representante da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anama), José Carlos Siqueira. “Enfatizo a grande expectativa da sociedade com esta CPI, que não pode ser mais uma a cair no vazio. A licença para que as indústrias poluidoras [Vale e ArcelorMittal] funcionem é uma licença para matar. A vida, o maior patrimônio que temos, está sendo colocada em segundo plano”, disse.
O representante da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Mário Camilo, enfatizou que há uma descrença quanto à solução para o problema do pó preto. “Agora esperamos que não haja mais a negativa dos direitos da sociedade de ver essa questão solucionada”, afirmou.
Presidente do colegiado, o deputado Rafael Favatto (PEN) pontuou que “os trabalhos dessa CPI são democráticos, com os rumos definidos em conjunto com as entidades do setor ambiental”.
Gilsinho Lopes (PR), que não é membro da CPI, mas acompanhou a reunião, disse acreditar no empenho dos membros. “Estou muito tranquilo e vou acompanhar todos os trabalhos, pois esta é uma questão imprescindível para a população. Espero que desempenhem os trabalhos com isenção, sem comprometimento político”, afirmou.
A deliberação do cronograma dos trabalhos, prevista para acontecer nessa reunião, foi transferida para a próxima semana, por sugestão do presidente, deputado Rafael Favatto, que preferiu definir as etapas das atividades em uma reunião interna, após ouvir as sugestões dos representantes das entidades.
Foi aprovada pelos membros da CPI a realização de uma reunião extraordinária na próxima sexta-feira (6), às 13 horas, no Plenário Dirceu Cardoso, para ouvir Israel Pestana, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e mestre em Meio Ambiente, sobre o que é, de fato, o pó preto. Também foi aprovado o convite para que o delegado Wanderson Presotti, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, integre os trabalhos da CPI.