Mais uma pousada foi fechada na Praia de Guaxindiba, em Conceição da Barra (norte do Estado), devido ao avanço do mar. Na maré de lua cheia da última semana, o mar destruiu o muro construído para contenção do mar na Pousada Solar das Flores, que foi fechada logo após. Este já era o segundo muro construído para a proteção da área. Os moradores e empresários da região acusam de descaso a prefeitura municipal e o governo do Estado, que haviam prometido tanto ações emergenciais como definitivas para o problema. No último fim de semana, os donos das pousadas alugaram retroescavadeiras por própria conta para reconstruir as barreiras de pedras que, novamente, foram removidas pelo mar.
No último dia 5 de setembro, foi publicada no Diário Oficial do Estado a Instrução de Serviço nº 187, de 4 de setembro de 2014, que designou os servidores para indicar o tipo de intervenção adequada para interromper o processo erosivo na praia. A publicação foi assinada pela diretora-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-ES), Tereza Maria Sepulcri Netto Casotti, que, há dois meses, afirmou que o órgão possui um contrato com o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) para que seja dada continuidade às obras de contensão do mar. Na época, o prazo dado para a divulgação do orçamento e do edital de obras foi de 40 dias.
Os moradores e comerciantes também não tiveram retorno a respeito de ações do governo ou da prefeitura com relação ao decreto de situação de emergência, publicado no dia 13 de junho pela prefeitura, com validade de 180 dias. A publicação do decreto foi uma solicitação do próprio governador Renato Casagrande, em uma reunião que aconteceu em maio deste ano, com o prefeito Jorge Donati (PSDB), e com a comunidade atingida pelo mar.
O processo erosivo na Guaxindiba começou em 2011, quando a vegetação à beira-mar começou a ser destruída meses após a construção da obra de contenção do bairro Bugia. Lá, foram construídos cinco quebra-mares e um espigão, também conhecido como esporão, uma estrutura que modifica o fluxo das correntes marítimas. Esses teriam a intenção de conter a devastação registrada por cerca de 20 anos no bairro. Em 2006, o bairro Bugia chegou a ter 80% do seu território destruído pela erosão. Entretanto, em 2011, a força do mar destruiu parte da obra da Bugia e, pela primeira vez, atingiu com gravidade a praia de Guaxindiba, que desde então sofre os efeitos devastadores da corrente marítima.
As estruturas da Bugia foram construídas pelo DER-ES, autarquia vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop), e inauguradas em dezembro de 2010 pelo então governador Paulo Hartung (PMDB). O custo total da construção foi de R$ 50 milhões e não resolveu o problema. A corrosão, o sumiço da areia nas laterais e o aparecimento de processos erosivos já eram registrados pelos moradores dois anos após a obra.