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ES contrasta boa cobertura de coleta de esgoto e alta presença de venenos na água

Atlas de Saneamento do IBGE apresenta leitura territorial dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento 

De um lado, uma boa cobertura do serviço de coleta de esgoto, uma das melhores do país, e a consequente baixa ocorrência de internações hospitalares por doenças provocadas pela falta de saneamento básico. Do outro, o uso intensivo de agrotóxicos e a elevada presença de resíduos de pesticidas na água captada para consumo, uma das maiores do país.

Esse contraste é um dos aspectos que chama atenção na observação dos dados sobre o Espírito Santo constantes no Atlas de Saneamento – Abastecimento de Água e Esgoto Sanitário, lançado nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A obra faz uma “leitura territorial” dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2017 (PNSB) e outras fontes, e mostra que o saneamento básico melhorou em todas as regiões do país, mas diferenças regionais ainda são grandes.

O aspecto positivo é que o Espírito Santo segue o comportamento médio da região Sudeste na maioria dos dados referentes à cobertura de tratamento de água e esgoto, apresentando os melhores indicadores do país. Mas destoa no tocante aos agrotóxicos.

No mapa, é possível observar que o Espírito Santo concentra uma quantidade de círculos verdes, representando a presença de resíduos de agrotóxicos na água captada superficialmente, semelhante ao de Minas Gerais, porém, concentrada em uma extensão territorial muito menor que a do estado vizinho. É possível contar cerca de 30 pontos no Espírito Santo, num total de 125 marcados em todo o país.

O mesmo mapa informa também o percentual de estabelecimentos rurais que fizeram uso de agrotóxicos em relação ao número total de estabelecimentos. Nesse aspecto, o Espírito Santo tem uma presença bem menos acentuada.

A classificação mais grave (vermelho escuro), referente a 75%, aparece apenas em uma mancha ao norte do Rio Doce, envolvendo parte ou a totalidade de municípios como Marilândia, Linhares, Rio Bananal, Colatina, Via Valério, São Gabriel da Palha e Jaguaré. Ocorrendo outras manchas também em Ibiraçu (região do Rio Doce); em São Roque do Canaã e Itarana (central serrana); e em Castelo (central sul). Um pequeno grupo num universo de 690 observado no país.

Cobertura de esgoto

Entre os aspectos positivos de destaque do Estado, está a cobertura de coleta de esgoto. “Entre as Unidades da Federação, apenas São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal possuíam a totalidade dos municípios providos de rede coletora de esgoto em funcionamento ou em implantação em 2017”, destaca o IBGE, citando, em contraposição, que os estados com proporções de municípios sem acesso à rede coletora superior a 80% estavam nas regiões Norte e Nordeste: Maranhão (93,1%), Amazonas (87,1%), Pará (86,8%), Acre (86,4%), Tocantins (85,6%), Piauí (83,5%) e Rondônia (80,8%). O mapa mostra, portanto, o Espírito Santo sem nenhum círculo preto, que indica os municípios sem esgotamento sanitário.

Crescimento da população

O mesmo mapa traz a evolução da população por município e estado. Em âmbito nacional, o decênio 2010-2020 apresentou crescimento da população residente no país a uma taxa de 11% ou 21 milhões a mais de habitantes. O aumento foi puxado principalmente pelas regiões Norte e Centro-Oeste, que, embora ainda sejam as menos populosas, foram as únicas que apresentaram crescimento relativo acima da média nacional, em taxas de 17,7% e 17,4%, respectivamente, com destaque para o Acre (21,9%) e o Amazonas (20,8%).

No Espírito Santo, o aumento de população pode ser observado em uma faixa territorial que vai aproximadamente da sede de Conceição da Barra, no norte, até Anchieta, no sul, sendo mais intensa e larga entre Linhares e São Mateus.

Caminhando para oeste, o crescimento populacional registrado é menos intenso, passando para a cor amarela. A cor azul vai se tornando predominante à medida que se avança em direção à divisa com Minas Gerais e também no extremo sul, já no limite com o Rio de Janeiro, indicando os municípios onde não houve alteração positiva no número de habitantes.

Doenças por falta de saneamento

Outro aspecto positivo importante do Espírito Santo no Atlas é a ocorrência de Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI). O mapa apresenta a taxa bruta acumulada de internações por DRSAI no período de 2008 a 2019. “Apesar da tendência de queda da incidência de internações por diarreia no período em todo o Brasil, alguns municípios ainda apresentam taxas elevadas, sobretudo nas Regiões Norte e Nordeste, mas também em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos nas demais Grandes Regiões”, pontua o IBGE.

No Espírito Santo, os municípios mais críticos estão no extremo norte – Pedro Canário, Mucurici e Boa Esperança – que receberam a segunda mais grave classificação do mapa, relacionada a uma taxa de 150 a 300 internações por cada mil habitantes. Os três capixabas se somam a um conjunto de 219 municípios brasileiros nessas condições.

Ao redor deles, com a terceira classificação mais grave do mapa (50 a 150 internações por mil habitantes), estão: Nova Venécia, Pinheiros, Montanha, Ponto Belo e Ecoporanga, no norte e noroeste; Baixo Guandu (centro-oeste); Ibatiba, Iúna e São José do Calçado (Caparaó), e Iconha (Litoral Sul), que integram um grupo de 1.110 municípios com essa taxa.

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