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Escolas do campo se destacam em avaliação estadual

Em vários municípios capixabas, as escolas do campo alcançaram as melhores pontuações no Índice de Desenvolvimento das Escolas (IDE) divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Sedu) na última sexta-feira (16). Os resultados comprovam, mais uma vez, a eficiência da educação do campo, incluindo as pequenas escolas, muitas delas multisseriadas e localizadas nas mais remotas comunidades rurais, ameaçadas de serem extintas pela própria Sedu.

“É uma proposta de educação que dá certo, comprovadamente”, afirma a educadora Ana Cristina Soprani, membro do Comitê Intermunicipal de Educação do Campo em Linhares e Sooretama, região em que o destaque das escolas do campo na avaliação chamou atenção.

Em Sooretama, por exemplo, os dois primeiros lugares são exatamente de escolas com essas características, “perseguidas” pela Sedu. São elas: EEPEFs Joeirana e Córrego Rodrigues, com IDEs 76,46 e 75,87, respectivamente. Outra EEPEF de destaque foi a Roda D´Água, em Cariacica, em primeiro lugar geral na avaliação deste ano, com IDE 86,48.

“Mesmo que as provas do Estado venham pra gente descontextualizadas, conseguimos provar que dá certo. O ideal seriam as avaliações diferenciadas de acordo com a realidade do campo. Mas mesmo sendo padrão, elas escolas ainda se sobressaem”, pondera Ana Cristina.

Essas escolas trabalham com toda a formação do Estado, explica a conselheira, porém, agregam uma dinâmica diferente, apropriada à educação do campo, em que os trabalhos são contextualizados com os chamados “temas geradores”, além de outras singularidades, como os grupos de auto-organização, os planos de estudos e as intervenções na realidade. “Isso dá um diferencial”, ressalta.

Ofensiva dura mais de dois anos

Os ataques do Estado contra as escolas do campo do Espírito Santo já duram mais de dois anos, tendo se iniciado já com os primeiros atos do Governo Paulo Hartung, em 2015. Dezenas de escolas foram fechadas desde então e as que sobreviveram o conseguiram por mérito da união das comunidades e conselhos escolares, que lutaram para preservar suas unidades de ensino próximas aos alunos e suas famílias.

Em agosto de 2016, uma Circular da Sedu (CI nº 034, de 30/08/2016) ordenava que as escolas com menos de 100 alunos – essencialmente as escolas do campo –, além de Centros Estaduais de Educação de Jovens e Adultos (CEEJAs) e as Escolas de Atendimento Exclusivo aos Estudantes em Privação de Liberdade, extinguissem seus conselhos escolares, o que levaria, automaticamente, à extinção das respectivas escolas.

A reação foi intensa de norte a sul do Estado, o que levou a ações truculentas por parte da Sedu, que chegou a coagir os presidentes de conselhos. Com a manutenção da mobilização comunitária e apoio de promotorias do Ministério Público Estadual, os conselhos não foram extintos e, em 2017, as escolas continuam funcionando. Porém, ainda fragilizadas administrativamente, já que a Sedu não convocou eleições para renovações de conselhos, deixando esses colegiados em situação irregular de funcionamento.

Toda a comunidade escolar ao redor dessas pequenas escolas do campo continua firme em sua posição de não permitir a extinção das unidades, pois as consideram a alma de suas comunidades. E exigem mais: “Estamos na luta pra organizar um transporte escolar que leve as crianças para as escolas do campo e não só para as escolas da cidade. A lei diz que a criança precisa estudar na escola mais próxima da sua casa”, enfatiza a educadora. 

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