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Expansão da Imetame vai destruir a ‘melhor onda do ES’, alertam surfistas

Mobilização local que tem adesão de nomes de destaque do esporte cobra que presidente do porto cumpra acordo de ajuste na obra 

Menos de um mês depois da conquista do primeiro ouro do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio com Ítalo Ferreira, os maiores surfistas do país se unem em um pedido de socorro para salvar o que chamam de “a melhor onda do Espírito Santo”.

Redes sociais

Na petição online Essa Onda Não Pode Acabar, o movimento de ativismo ambiental Temporada Azul explica que a expansão do porto da Imetame em Barra do Riacho, Aracruz, norte do Estado, precisa ser adequada para evitar a tragédia. “Uma pequena mudança de 5 graus na construção do Píer já seria suficiente para manter viva a melhor onda do Espírito Santo e o surfe local”, ressaltam. O abaixo-assinado “é para que obra seja paralisada e ajustada”, clamam.

Membro do Temporada Azul, o surfista e empresário de consultoria ambiental Alexandre Góes Batalha relata que a paralisação temporária, até a conclusão de estudos técnicos que indiquem os ajustes precisos a serem feito, já havia sido acordada diretamente com o presidente da Imetame, Etore Selvatici Cavallieri (foto abaixo).

Divulgação/Findes

“Ele me solicitou estudos para comprovar a viabilidade técnica. Pediu que eu indicasse no mínimo duas empresas, e das melhores. Quando apresentei o primeiro grupo, ele parou de me atender”, relata Alexandre, referindo-se a conversas feitas há dois meses, quando a obra “estava só no papel”.

O surfista conta ter integrado a equipe que fez os estudos técnicos que viabilizam a liberação da licença ambiental da obra e, nesse trabalho, verificou a possibilidade real de preservar a onda, mediante ajustes técnicos no projeto de engenharia. A licença, no entanto, foi emitida sem considerar as recomendações sobre a onda.
Temporada Azul

Apesar disso, o empresário, a princípio, aceitou a possibilidade de aguardar os estudos específicos, mesmo sabendo que eles poderiam levar pelo menos seis meses para serem concluídos.

“Há formas mais diplomáticas e verdadeiras de contornar a situação. Nós fomos enganados pela empresa, que combinou uma coisa com a gente, eu tenho provas, tenho e-mail, tenho trocas de mensagens, tenho prints…não vamos deixar isso barato, porque consideramos um crime. Nós somos do mar e não vamos admitir que uma empresa passe por cima de condicionantes, da lei, coisas muito sérias e perigosas, para acabar com a nossa onda”, relatou nas redes sociais do Temporada Azul.

A adequação do projeto, salienta, poderia fazer do porto da Imetame um exemplo mundial, colocando o Espírito Santo no mapa dos mais de cem lugares no mundo que possuem grandes ondas ao lado de píeres como a Barrinha, em Saquarema, no Rio de Janeiro.
Temporada Azul

Nas redes sociais, surfistas de renome nacional como Lucas Silveira, Filipe Toledo e Rodrigo Cardoso declaram seu apoio à luta pela preservação da grande onda capixaba. Um dos vídeos recebeu 180 mil compartilhamentos. “Só o Ministério Público pode agir agora”, avalia Alexandre.

Histórico de agressões

Como ocorre com a quase totalidade dos empreendimentos portuários e petrolíferos do mundo, a Imetame tem em seu histórico diversas denúncias de agressão a comunidades tradicionais e pescadores artesanais, que relatam com detalhes os graves impactos ambientais que a expansão do porto provocará, a começar pelos 11 mil hectares de restinga desmatados com autorização do Conselho Regional de Meio Ambiente (Conrema) em 2014, quando da instalação do projeto inicial.

Quatro anos depois, o pedido de alteração do perfil do empreendimento também caminhou no órgão licenciador, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), responsável por acolher as mais de 70 condicionantes elencadas pelas comunidades costeiras listadas no licenciamento, mas que, como de costume, foram ignoradas, segundo relatam os moradores, que sofrem os prejuízos dos empreendimentos porto-petrolíferos que proliferam ao redor da Suzano (ex-Fibria, ex-Aracruz Celulose), seu Portocel e Jurong, só para citar os mais robustos.

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