Diferente do que diz a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), que atribui a falta de água na região a eventos climáticos, a causa é o crescimento desordenado das cidades, que tem novas edificações de grande porte em construção, além de outras em fase de licenciamento. O problema se repete em todo o litoral capixaba e é agravado por indústrias. Em Guarapari, litoral sul do Estado, a maior vilã da escassez de água é a Samarco, localizada em Ubu.
O setor hoteleiro de Guarapari cobra novos investimentos da Cesan e exige que a prefeitura suspenda os licenciamentos de novas obras. Adriana Marques, presidente da Associação de Hotéis de Guarapari e do Conselho Municipal de Turismo, assinalou que a falta de investimentos para assegurar o abastecimento de água resulta em prejuízos econômicos para o setor. Considera ainda os prejuízos da comunidade com a falta de água.
Além dos prejuízos imediatos para o setor de hotéis, há uma mídia negativa para o município com a falta de água que persiste. O problema da falta de água se acentua no verão com a grande presença de turistas no município. O que faz a Cesan? Atende prioritariamente a praia do Morro e o Centro, com prejuízo de todo o restante do município.
“O que a Cesan está esperando para investir em barragens para assegurar água para a cidade?”, quer saber Adriana Marques. E não só faltam investimentos em obras. Não é feito um trabalho de recuperação da vegetação, que assegure a normalização da produção de água, no mínimo reduzindo os impactos dos problemas climáticos, como nas longas estiagens e a elevada temperatura no verão.
Os problemas enfrentados pelo setor hoteleiro em Guarapari levam a Associação dos Hotéis a questionar o modelo de crescimento do município. A cidade não comporta tanta gente em tão pouco espaço, criando problemas não só no abastecimento de água, mas em outras áreas, como na mobilidade urbana, transporte e saneamento.
“Existem grandes empreendimentos em execução em Guarapari e novos em fase de licenciamento. Que os novos licenciamentos parem, e que se busquem soluções. O que não pode é continuar a omissão da Prefeitura de Guarapari, que sequer fiscaliza as obras”, analisa Adriana Marques. A falta de fiscalização da prefeitura resulta em construções irregulares, como a de três prédios de grande porte numa área licenciada para duas torres.
Os prejuízos causados ao setor hoteleiro serão avaliados e há possibilidade de a Associação dos Hotéis recorrer à Justiça, como diz Adriana Marques. “Alguém tem que se responsabilizar por isto”.
A questão da falta de água é um dos temas que será discutido nesta quarta-feira (14), às 19 horas, no clube Guará, em Guarapari. A comunidade vai discutir o novo Plano Diretor Municipal (PDM). O tema entrará em pauta por exigência da Associação dos Hotéis.
Segundo o Cesan, a perda de vazão dos principais rios de Guarapari, o Benevente, Jabuti e Conceição, leva a uma redução na produção de água de 20%. A empresa diz que produzia 700 litros de água por segundo e desde do último dia 29 só consegue produzir 540 litros de água por segundo.