sábado, novembro 23, 2024
23.9 C
Vitória
sábado, novembro 23, 2024
sábado, novembro 23, 2024

Leia Também:

Famílias desocupam Coqueirinho com ‘esperança renovada’ na reforma agrária

Incra formalizou interesse em desapropriar a fazenda. Com ato político, MST encerrou mobilização

Suzana Motta/MST

Missão cumprida. Esse é o sentimento que predominou entre as famílias que desocuparam a Fazenda Coqueirinho, em São Mateus, norte do Estado, na manhã desta terça-feira (30), atendendo ao mandado de reintegração de posse expedido pela justiça.

“As famílias sem terra saem da área ocupada com muita mística e esperanças renovadas, pois a luta e as denúncias de irregularidades da área que vieram à tona mostraram as razões que a colocam como passível de reforma agrária”, afirmou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em nota.

A desocupação foi acompanhada pelas forças de segurança pública estaduais, pela superintendente estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/ES), Penha Lopes, e pela deputada estadual Iriny Lopes (PT). “Com a liminar de despejo expedida pelo juiz, o povo sem terra  faz o cumprimento da lei e exige que os poderes públicos a cumpram e coloquem esforços para a realização da reforma agrária”, complementou o MST.

Suzana Motta/MST

Durante a audiência com o juiz, Lucas Modenesi Vicente, o Incra manifestou o interesse em realizar a vistoria da fazenda, para confirmar sua elegibilidade para desapropriação com vistas à reforma agrária. “Manifestamos ao juiz o desejo de fazer a vistoria na fazenda. Mas para fazermos, é necessário que os donos concordem com essa possibilidade. Vamos notifica-los também”, declara a superintendente estadual.


Caso os proprietários não autorizem a vistoria, será preciso aguardar dois anos para que o Incra possa fazê-la, já que a área foi alvo de ocupação. “Os proprietários também podem manifestar o interesse de vender as terras ao governo federal. Estamos aguardando o andamento da ação de hoje”, informa.

Devido às denúncias feitas durante a ocupação, outros setores do governo federal também atuam no caso, visto que há indícios de dívidas trabalhistas, que reforçam a elegibilidade da fazenda para a reforma agrária. “As tratativas devem continuar em relação a essa fazenda. Não encerra aqui com a reintegração de posse”, afirma a superintendente.

Mística

Após a saída da fazenda, as famílias percorreram as ruas do centro de São Mateus, com faixas e cartazes evidenciando a importância da reforma agrária para a justiça social no campo, para reduzir o êxodo rural e para a segurança alimentar do país. 

Gritos de ordem, música e celebração marcaram a atividade, que procurou demonstrar como transcorreram as quase duas semanas em que a ocupação foi mantida, apesar do cerco montado, nos primeiros dias, por integrantes do Movimento Invasão Zero. “Foram dias de muita organização coletiva e solidariedade na construção das lutas pela efetivação da reforma agrária”, complementou o MST.

A ocupação da Fazenda Coqueirinho fez parte da Jornada Nacional de Luta Pela Reforma Agrária, em que o MST mobilizou milhares de famílias em diversos estados. No Espírito Santo, a mobilização iniciou no dia 17 de abril, data em que ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996, e se tornou o Dia Internacional da Luta pela Terra.

Mais Lidas