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Fase cobra plano de emergência após vazamento de petróleo em São Mateus

Entidade se articula com a Assembleia para cobrar a Seacrest e o Governo do Estado

A Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) se articula com a Assembleia Legislativa para cobrar da Seacrest e da gestão do governador Renato Casagrande (PSB) a criação de um plano de emergência diante do vazamento de petróleo do campo de Inhambu, em São Mateus, norte do Espírito Santo. O acidente ocorreu nessa quarta-feira (16) e tem causado apreensão diante de possíveis danos ambientais para a região.

A articulação com a Casa de Leis é feita pela deputada estadual Camila Valadão (Psol), a quem a Fase solicitou que dialogue com a empresa e o Governo do Estado sobre a necessidade de um plano de emergência. A coordenadora da Federação, Daniela Meirelles, afirma que ainda não há dimensão dos danos, pois, em contato com os moradores da região afetada, foi informado que a Seacrest não tem dialogado com as pessoas sobre o que provocou o acidente, sua proporção e o que tem sido feito para minimizar os impactos.

Daniela relata que há três rios na localidade que podem ser atingidos pelo petróleo vazado, principalmente se houver chuva nos próximos dias. Neste caso, afirma, haverá o agravamento de um problema já vivido na comunidade, que é a falta de acesso aos recursos hídricos. “É uma região de pequenos agricultores, pescadores artesanais e quilombolas, onde a situação hídrica já é dramática, pois dependem de abastecimento de carro-pipa. Em vez de sanar o problema, ele pode ser piorado”, alerta.

A Fase planeja ir até a comunidade na próxima semana para conversar pessoalmente com os moradores. O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro/ES) esteve no local, mas não conseguiu entrar no campo por estar cercado de segurança privada, como informa o diretor de Comunicação da entidade, Etory Sperandio. A Seacrest adquiriu, no Governo Bolsonaro (PL), campos da Petrobras no norte do Espírito Santo, sendo 27 no pólo Cricaré, 5 no pólo Norte Capixaba, além do Terminal Norte Capixaba.

Etory afirma que empresas como a Seacrest, ao contrário da Petrobras, que tem mais de 70 anos, não têm expertise na condução de projetos de óleo e gás. “Foram montadas três anos antes das vendas da Petrobras e usam muito mão de obra terceirizada, que muitas vezes também não tem muita expertise para esse tipo de trabalho”, afirma. O sindicalista explica que, diante do vazamento, é necessário um procedimento adequado para a retirada do material expelido, devendo, ainda, ter a retirada do solo, a depender da quantidade que penetrou nele, e depois descarte no local correto.

A não retirada do material e do solo, bem como o descarte inadequado, pode causar danos ao meio ambiente, segundo Etory. Ele afirma que, em caso de chuvas, o material pode contaminar o lençol freático, além de fazer o mesmo com a fauna, a flora e seres humanos. Além disso, em alguns casos, uma explosão pode causar irritação no sistema respiratório por causa dos óxidos de enxofre. O dirigente sindical comemora o fato de não ter havido vítimas fatais, mas alerta que esse tipo de acidente pode ter “alto potencial de dano”.

Etory afirma que o Sindipetro vai cobrar informações da empresa sobre o ocorrido e acompanhar a investigação dos órgãos ambientais. “A Seacrest deve essas informações à sociedade, à imprensa, aos trabalhadores, acionistas, aos órgãos ambientais de controle e ao sindicato, que representa os trabalhadores”, defende. Ele destaca que o Sindipetro não é contra o investimento privado, mas isso tem que ser feito com “responsabilidade social, ambiental e com a segurança dos trabalhadores”.

A empresa está envolvida em outros acidentes ambientais. Em março de 2023, foi responsável pelo vazamento de aproximadamente 1,1 mil litros de petróleo, em Linhares, norte do Estado, no Polo Cricaré. Contudo, não foi multada pelo Iema. Em nota oficial, a autarquia informou que sua equipe de fiscalização “vistoriou o local onde houve um vazamento em um tanque de armazenamento temporário de óleo bruto (…), atingido uma área estimada em 2000m²”, e que “lavrou auto de intimação determinando a limpeza imediata e a correta destinação dos resíduos”.

Estima-se que o vazamento tenha demorado alguns dias para ser detectado. “O derramamento de óleo ocorreu no município de Linhares, num poço de pequena produção de petróleo, com média de dois barris por dia, o que equivale a 300 litros. Com uma produção tão pequena, o poço deve estar há alguns dias em vazamento, o que promove um alerta ainda maior, visto que não há um mínimo de ações de prevenção e de cuidado por parte da empresa”, declarou na ocasião a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a partir de denúncia do Sindipetro.

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