A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) recebe, nesta quarta-feira (12), ativistas latinoamericanos para uma tarde de cultura e troca de experiências em movimentos contra as áreas petroleias. A partir das 18h, será iniciado o “Mutirão de Cultura por Áreas Livres de Petróleo”, que abrirá o diálogo com o Obervatorio Petroleo Sur, organização do Equador, e com a campanha Yasunidos e a Luta por Yasuni, da Argentina.
A partir das experiências comuns entre os grupos de resistência anti-petroleira da América Latina, poderá ser fortalecida a base para a criação de uma campanha por áreas livres de petróleo no Espírito Santo, como detalha Daniella Meirelles. No evento desta tarde, ela apresentará os impactos do petróleo e gás e a resistência a esse tipo de extrativismo que acontecem no Estado.
Além do bate-papo que será ampliado com ativistas, haverá um laboratório de produção audiovisual colaborativa dedicada à campanha por territórios livres de petróleo. A arte e a construção cultural serão debatidos como meio de resistência das comunidades tradicionais impactadas pelos grandes projetos petroleiros.
No Estado, populações ribeirinhas sofrem os impactos diretos da invasão portuária, concentrada em portos e estaleiros destinados a operações offshore, de apoio a plataformas petrolíferas. Entre os empreendimentos estão o Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA), o Itaoca Offshore, o C-Port, da empresa americana Edison Chouest, além do superporto da Manabi, focado na exportação de minério. Todos eles provocarão impactos ambientais e o fim da pesca tradicional.
Apesar de oferecerem empregos e desenvolvimento, a realidade dos locais onde estão instalados os grandes empreendimentos é marcada pela formação de bolsões de pobreza, aumento da criminalidade e ausência de serviços básicos de saúde e educação.
O relatório Conflitos no Campo 2013, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), identificou o conflito pela água que ocorre entre os municípios de Linhares e São Mateus (norte do Estado), entre as comunidades das praias de Barra Seca e Urussuquara e a Transpetro, subsidiária da Petrobras. O conflito é datado de 11 de abril de 2013 e atinge 70 famílias com a poluição local.
Além disso, a Transpetro tem longo histórico de danos ambientais e impactos a comunidades tradicionais no Estado. São comuns os relatos de desalojamento de comunidades camponesas, assédio moral para a construção de empreendimentos relacionados ao setor do petróleo e gás, além da poluição de recursos hídricos e do solo causada por sucessivos vazamentos. Além disso, está em processo de julgamento a ação civil pública que tem o objetivo de retirar o Terminal de Regência (Tereg) da Reserva Biológica de Comboios, no município de Linhares (norte do Estado), e recuperar a área degradada.