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Feira agroecológica será inaugurada nesta sexta-feira em Cariacica Sede

Com agricultores do município e de Domingos Martins, feira acontecerá toda sexta-feira, às 16h

Os agricultores familiares de Cariacica e Domingos Martins terão um novo espaço para a comercialização de seus produtos. Será inaugurada nesta sexta-feira (22), uma feira exclusivamente agroecológica, na praça Marechal Deodoro, em Cariacica Sede. A feira funcionará toda sexta-feira, às 16h, com 19 produtores. 

A iniciativa foi idealizada pela Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, que propôs para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cariacica, entidade que arregimentou os agricultores interessados em atuar na feira.

Parte deles é de regiões como Cachoeirinha e Roda d’Água, que venderão frutas, verduras, legumes, mel e a linha de panificação, que conta com produtos como biscoitos. Trabalhadores de Cariacica Sede irão comercializar vinho artesanal. A feira também terá um grupo de agricultores de Domingos Martins, que irão vender cosméticos agroecológicos.

Moyses Galvão Veiga

“A feira será um elo entre o campo e a cidade. Irá oferecer produtos com nível de qualidade, dentro dos padrões de segurança alimentar e nutricional e fruto de uma produção saudável”, diz Antônio Gimenes, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cariacica.

Ele informa que, na feira, os agricultores terão contato direto com os consumidores, o que considera uma vantagem tanto para os produtores quanto para os clientes. Sem atravessadores, explica, o preço dos produtos agrícolas se torna mais justo para ambos.

O contato direto com os clientes, acredita Antônio, irá possibilitar aos trabalhadores conhecimento maior do processo de comercialização, já que cerca de 90% do tempo de trabalho do agricultor é dedicado à produção. “É um processo de aprendizado e rompimento de barreiras. Muitos agricultores não têm desenvoltura para a venda, é um importante espaço para aprender”, afirma.
A feira será também mais um incentivo para o processo de transição ecológica iniciado por agricultores da Associação de Produtores Rurais de Cachoeirinha e Sabão (Aprucas), que desde fevereiro último, tem feito entregas de cestas em domicílio nos municípios de Cariacica, Vila Velha e Vitória. Assim, buscam vender os produtos sem o intermédio de atravessadores, uma vez que os trabalhadores rurais da região vendem principalmente para os grandes mercados, que normalmente compram os produtos por um valor reduzido e comercializam por um bem maior.
Para dar início a essa alternativa de comercialização, cuja ideia surgiu em um curso promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi feito todo um processo de mudanças, que teve como objetivo empoderar as famílias em um sistema no qual a sustentabilidade é aplicada como um todo, desde a concepção do espaço agrícola até a comercialização, passando pelo modelo de agrícola de produção, ou seja, um processo de transição agroecológica.
O primeiro passo foi fazer um diagnóstico da comunidade, no qual se percebeu que a renda dos trabalhadores rurais vinha quase que 100% da produção de banana, detectando-se a necessidade de diversificação da produção. Para isso, uma ação foi a realização de um curso de agrofloresta de horta, ensinando como montar horta com floresta. Entretanto, essa diversificação, afirma o técnico agropecuário Moyses Galvão Veiga, que assessora o grupo, é um processo, uma vez que os agricultores da região se concentram no cultivo da banana há cerca de 100 anos, uma atividade que passa de geração em geração.
Moyses Galvão Veiga

O técnico agrícola informa que, depois da banana, a maior produção na região é de manga, que não era aproveitada pelos agricultores. Ele explica que essa realidade é uma prova de que “o sistema aliena os trabalhadores das possibilidades”, pois enxergam nas grandes monoculturas de soja dos latifúndios, por exemplo, um parâmetro de vida para eles, uma realidade que não se aplica à agricultura familiar.

Moysés destaca que quando o agricultor familiar vende um produto em grande quantidade, como no caso da banana, acaba comercializando por um preço menor, devido à grande oferta. Com o processo de diversificação iniciado, as famílias que fazem parte da associação já estão produzindo hortaliças em geral, frutas cítricas e outros produtos agrícolas que compõem a cesta. Além disso, a iniciativa busca também agregar valor ao Grupo 7M, formado por mulheres e que comercializa produtos feitos à base de banana, tendo como carro-chefe a banana passa. Um dos próximos passos do Grupo 7M é produzir a manga passa.

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