A Feira do Verde é uma farsa montada pela Prefeitura de Vitória para as empresas que matam os capixabas com a poluição do ar, da água e da terra – Vale, ArcelorMittal Tubarão e Cariacica, Samarco e Aracruz Celulose (Fibria), entre as principais. Este teatro, sarcástico, que afronta a parte esclarecida da população capixaba, pode acabar.
É o que propõem os vereadores da CPI do Pó Preto da Câmara de Vitória, no seu relatório final. Na sua parte de proposições, fazem o seguinte encaminhamento: “Não patrocínio pelas empresas poluidoras à Feira do Verde, pois esse espaço (é) destinado ao estudo e diálogo sobre o meio ambiente e sustentabilidade”.
A Feira do Verde em Vitória é o evento anual de maior prestígio na área ambiental do Espírito Santo. Ao longo de duas décadas, o financiamento da Feira do Verde é, ironicamente, bancado por quem mata a população do Espírito Santo, as empresas poluidoras. E aí, cheias de moral com a prefeitura, montam seus estandes onde, com grande apelo estético e informações com mentiras deslavadas, se passam por boazinhas.
Ao longo das duas décadas, os ambientalistas se revoltaram com a mutação da Feira do Verde de Vitória, que passou a ser palco para as poluidoras, o que resultou no rebatismo para “Farsa do Verde”. E não tiveram nenhuma parceria dos políticos para o enfrentamento às empresas e à Prefeitura de Vitória.
Assim, foi por exemplo, nos dois últimos eventos, já na gestão do prefeito Luciano Rezende (PPS). Eis que, no final da atuação da CPI do Pó Preto de Vitória, que encerrou seus trabalhos na semana passada, a surpresa: os membros da comissão rejeitaram mais este presente às poluidoras.
Agora, ou o prefeito Luciano Rezende acorda de sua letargia ambiental, e atende aos vereadores da CPI do Pó Preto, ou restam duas outras alternativas. Uma delas, é o próprio presidente da Câmara de Vitória, Namy Chequer (PCdoB), agir e adotar providências para atender aos membros da CPI. O presidente da Câmara recebeu cópia do relatório da CPI. Ou, também alternativa, um outro vereador, da CPI ou não, pode encaminhar projeto de lei com o objetivo de tirar a propaganda enganosa da Feira do Verde, afastando de vez as poluidoras.
Trata-se de um absurdo, conforme o registro feito neste jornal. “Como ocorre todos os anos, as poluidoras Vale e ArcelorMittal são as patrocinadoras da Feira do Verde, que começou … na Praça do Papa, em Vitória. No local, montarão seus estandes pra lá de atraentes, para falar um monte de mentiras aos ingênuos estudantes que passarão por lá´”.
De alguns argumentos para acabar com a “Farsa do Verde”, os vereadores já dispõem. Em uma das reuniões da CPI do Pó Preto de Vitória, o convidado foi Eraylton Moreschi Júnor, da ONG Juntos SOS Ambiental.
O relatório aponta que o convidado informou “'que em 2014 foi realizada a 25ª Feira do Verde, que ao longo desses vinte e cinco anos foi patrocinada pelas poluidoras e mostra para o cidadão capixaba uma realidade que não existe”.
Segue: “Mostra que as empresas da Ponta de tubarão só trazem benefícios e não mostra os malefícios; que na 25ª Feira, o Grupo Juntos SOS ES Ambiental fez sua primeira participação, que provavelmente poderá ser a última. Por que nós mostramos para o cidadão capixaba todos os malefícios da poluição do pó preto”.
Não só as poluidoras do ar da Grande Vitória, Vale e ArcelorMittal Tubarão e Cariacica infernizam as pessoas e destroem o ambiente. A Samaco, uma empresa da Vale, destrói o ambiente e mata as pessoas no sul do Estado.
Já a Aracruz Celulose (Fibria), que polui o ar com chaminés de suas três usinas, localizadas no município de Aracruz, também destrói a água que toma dos capixabas para uso no seu processo produtivo. E, ainda, os recursos hídricos e a terra roubada da agricultura, com seus plantios de eucalipto, em todo o Estado. Tudo em nome do seu lucro. A Aracruz Celulose (Fibria) também sempre financia e marca presença na Feira do Verde.
