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Festa das Sementes Crioulas atenta para sustentabilidade no campo

Os camponeses do Estado anunciam a 1ª Festa Capixaba das Sementes Crioulas, em Campinho, sede de Domingos Martins, na região serrana. A programação inclui palestra sobre campesinato e biodiversidade, oficinas relacionadas a práticas agroecológicas, trocas de sementes e atividades culturais.  A festa começa na próxima sexta-feira (25) e prossegue até o domingo (27).
 
A expectativa da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) é de que o evento reúna cerca de 600 camponeses como participantes do evento e quatro mil pessoas nas atividades culturais. A participação em toda a festa é aberta ao público.
 
Referência estadual na produção de alimentos e, talvez, uma das maiores produtoras do Sudeste, como aponta Leomar Lírio, coordenador estadual do MPA, a região serrana foi escolhida como sede do evento por sua localização e desempenho estratégicos na questão. Como a intenção é justamente sensibilizar e envolver a cidade na defesa das sementes crioulas, que são naturais e sem interferência genética, a localização é oportuna. O MPA tem entre seus objetivos a intenção de promover um diálogo entre as populações campesinas e citadinas. Por isso, a programação será toda realizada na sede do município.

Leomar detalha que a luta pela disseminação das sementes crioulas é, também, uma luta pela saúde da população e pela soberania alimentar, justamente o contrário daquilo que é proposto pelas grandes multinacionais do agronegócio, como a Monsanto, a Bayer e a Syngenta. Muitas delas, além de produzirem as sementes transgênicas, produzem os agrotóxicos, que são produtos altamente cancerígenos, e ainda fabricam os remédios contra os males causados pelos próprios venenos presentes nos alimentos.

 

 
“As sementes transgênicas são programadas para nascer, produzir e morrer em épocas determinadas. Uma planta transgênica não produz sementes que podem ser novamente plantadas”, enfatizo. Ele lembra que significam, portanto, não só um risco à saúde, mas também um maior uso de agrotóxicos e demais defensivos agrícolas que empobrecem o solo e reduzem a biodiversidade.

Já as variedades crioulas são aquelas melhoradas e conservadas pelas famílias agricultoras ao longo de séculos, adaptadas às suas condições de solo e clima, às suas práticas de manejo e preferências culturais. Foram muito combatidas pela revolução verde e, inclusive, deixaram de existir em muitas regiões, contaminadas ou depois de perderem seu vigor. Nos últimos anos, o MPA conseguiu produzir milhares de toneladas de sementes e resgatar centenas de variedades. Somente em 2011, o movimento produziu, em todos os estados que atua, cerca de mil toneladas de sementes crioulas, suficiente para semear cerca de 220 mil hectares de lavouras.  

 
O uso indiscriminado e sem cuidados de agrotóxicos pode provocar a intoxicação dos trabalhadores com diferentes graus de severidade e ainda levar à depressão e até ao suicídio. Também há registros de diminuição das defesas imunológicas, anemia, impotência sexual, cefaleia, insônia, alterações de pressão arterial, distimia (espécie de depressão crônica) e distúrbios de comportamento.
 
Relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Anvisa apontou índices elevados de agrotóxicos em seis alimentos no Espírito Santo: pepino, alface, arroz, tomate, uva e abacaxi, referentes aos anos de 2011 e 2012. Ao todo, no Estado, a Anvisa analisou 67 amostras de alimentos em 2011, das quais 22 foram consideradas insatisfatórias. Em 2012, foram 77 amostras coletadas de alimentos – diversos e não necessariamente os mesmos do ano anterior –, dos quais 18 amostras foram consideradas insatisfatórias. No mesmo ano, todos os resultados insatisfatórios das amostras de alimentos como a cenoura e o arroz foram devido à presença de agrotóxicos não autorizados para estas culturas.

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