A carta é dirigida às autoridades sanitárias do Ministério da Saúde, das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e à sociedade brasileira. Ao Ministério, o Fórum pede que torne pública a disponibilidade de vacinas e os planos de contingência para aumentar a capacidade de produção, distribuição e aplicação de vacinas.
Lembrando que a febre amarela é uma doença imunoprevenível, as entidades destacam que ela pode ser evitada, desde que se adote medidas de prevenção adequadas, o que inclui elevadas coberturas vacinais e informações e ações de educação em saúde para que as pessoas não adentrem as matas ou permaneçam nas áreas consideradas de risco sem estarem imunizadas.
“Estas ações, que devem ser contínuas e intensificadas quando se detecta epizootias, evitariam a crise pela qual estamos passando com dezenas de mortes até o momento”, protestam os autores.
Surto urbano
Sobre a possibilidade de surto urbano da doença, os especialistas reunidos no Fórum avaliam que, no ritmo em que vem aumentando o número de casos de febre amarela silvestre em humanos, torna-se assustadora a possibilidade de haver uma epidemia urbana da doença, na medida em que mais de 90% das cidades do país encontram-se infestadas pelo Aedes aegypti.
Como consequência, a carta lembra que, além das mortes que fatalmente ocorreriam até se detectar o problema e realizar um amplo bloqueio vacinal, o real controle da situação exigiria um enorme esforço e imenso quantitativo de vacinas para assegurar proteção às populações residentes nas áreas urbanas infestadas.
Atualmente, o controle da doença depende primariamente da imunização da população de risco, a qual, neste momento, vem se estendendo rapidamente para mais municípios. “Consideramos que não se pode mais afirmar com segurança que ainda não existe transmissão urbana da doença”, alertam os pesquisadores.
“A ameaça da urbanização da febre amarela nos obriga a definir políticas de curto e médio prazo para prevenir futuros surtos”, declaram, explicando que, prioritariamente, faz-se necessária a vacinação seletiva, imediata e abrangente das populações residentes ou que visitam as áreas onde estão ocorrendo casos de Febre Amarela e isso somente será possível com um reforço da produção e da distribuição de vacinas, bem como da rede de frio.
Por vacinas mais eficientes e em maior quantidade
Ademais, prossegue o documento, deve-se considerar a importância de ampliar o quantitativo de recursos humanos treinados para indicar com segurança (vacinação seletiva) e aplicar o imunógeno em cada posto de vacinação. A disponibilidade de vacinas e a capacidade atual de realizar rapidamente estas ações estão aquém das necessidades das secretarias de saúde dos municípios afetados.
As entidades apelam ainda para que o Ministério da Saúde atualize a lista de todos os municípios considerados de risco à luz do novo momento, tanto para planejar a ampliação e o fortalecimento destas medidas de vacinação para bloquear a ocorrência de casos e, consequentemente, impedir o avanço dos surtos, como para orientar a população que se desloca, por trabalho ou lazer, para estas localidades.
E sugere que, como política de longo prazo, seja reforçada a capacidade de produção de vacinas mais seguras, ou seja, menos reatogênicas à Febre Amarela.
“Urge vigiar, investigar e adotar todos os meios para que não ocorra transmissão urbana da febre amarela no Brasil”, clamam os autores, enfatizando que o combate à Febre Amarela, além de todas as medicas citadas, depende do investimento em saneamento básico e na preservação do meio ambiente.
Assinam a carta, além da Abrasco, a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES), o Instituto de Direito Sanitário Aplicado (Idisa), a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares e a Sociedade Brasileira de Bioética (SBB).
Para acessar a carta na íntegra, clique aqui.