A Aracruz Celulose (Fibria) e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Aracruz já se dispuseram a financiar o serviço, mas a Samarco/Vale-BHP sequer participou da audiência, nem enviou justificativa para a ausência.
Requerida pela vereadora Dileuza Marins Del Caro (PSB), a audiência reuniu mais de 500 moradores e ambientalistas das comunidades de Vila e Barra do Riacho e das aldeias indígenas de Aracruz, especialmente Córrego do Ouro e Comboios.
O encontro foi uma solicitação da Comissão de Acompanhamento da Água Contaminada e Mortandade de Peixes do Rio Riacho, formada no início de abril por membros dessas comunidades, afetadas pelas indústrias da Aracruz Celulose e pelo crime socioambiental da Samarco/Vale-BHP.
“Foi positiva. A gente conseguiu esse compromisso da Fibria [Aracruz Celulose] e do SAAE”, avalia Herval Nogueira, ativista da Rede Alerta Contra o Deserto Verde em Barra do Riacho e um dos expositores da audiência. “Se não envolver todos os atores envolvidos nesse contexto, não consegue nada. Por mais que o capital seja ardiloso, precisa envolver todos”, reflete, cauteloso, sobre a aliança em construção com os algozes de sua própria comunidade.
O manancial sofre há décadas com contaminações químicas e desvios feitos pela Aracruz Celulose (Fibria), com a ausência de saneamento adequado por parte do Poder Público, e com o acréscimo de poluentes, muitos deles tóxicos, vindos através do canal Caboclo Bernardo – feito pela Aracruz para abastecer sua Fábrica C com água do Rio Doce –, em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco/Vale-BHP.
Na audiência, a Aracruz Celulose entregou à vereadora proponente documentos com possíveis análises da qualidade das águas que ela utiliza para abastecer suas fábricas, porém, sem apresentar seu conteúdo aos presentes.
Quanto à Samarco, Dileuza afirmou que vai reforçar o convite à mineradora, para que participe do Fórum. “A Samarco perdeu uma excelente oportunidade de ouvir e esclarecer o povo. Parece que está com medo do povo. E quer negar sua responsabilidade, mesmo após o Comitê Interfederativo já ter reconhecido a região como impactada”, criticou a edil. “Nós vamos fazer esse enfrentamento com eles, mobilizações mais acaloradas contra a Samarco”, anunciou Herval.