A Fundação Getúlio Vargas (FGV) inicia na próxima terça-feira (24) as primeiras rodas de diálogo sobre os danos sofridos pela cadeia da pesca da Enseada do Suá, em Vitória, em decorrência do crime socioambiental da Samarco/Vale-BHP em 2015.
A primeira atividade será uma reunião para apresentação da proposta de trabalho da entidade para a construção do diagnóstico, que acontece no Terminal de Pesca da Praia do Suá, de 8h30 às 12h.
Na quarta-feira (25), o diálogo é com os comerciantes e fornecedores de insumos e, na quinta-feira (26), com carpinteiros, carpinteiros navais, ajudantes de carpinteiro e pintores. Ambas de 9h às 12h.
A FGV foi contratada pelo Ministério Público Federal (MPF) para realizar o diagnóstico socioambiental de todos os grupos e comunidades atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, no Espírito Santo e Minas Gerais.
Em conjunto com o MPF, a Defensoria Pública Estadual (DPES) e entidades locais vinculadas à pesca, a Fundação inicia o diagnóstico nesse trabalho-piloto com a cadeia produtiva da pesca da Enseada do Suá. Em breve, outros setores também serão envolvidos.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Pescadores do Espírito Santo (Sindpesmes), Braz Clarindo Filho, o trabalho é muito bem-vindo. Os camaroeiros da Praia do Suá foram reconhecidos como atingidos pela Fundação Renova e o Comitê Interfederativo (CIF), mas ainda não receberam qualquer indenização ou auxílio financeiro emergencial (AFE).
“Pescador, estivador, soldador, carpinteiro, rendeiro, mecânico, calafate, descarregador. Tudo ficou prejudicado, ou porque prendeu o emprego ou porque diminuiu o salário”, conta Braz.
Um acordo extrajudicial nesse sentido começou a ser negociado em 2016, com intermediação de diversos órgãos, além do MPF e DPES, como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Ele deve ter um desfecho mês que vem, finalmente”, anuncia Braz.
“Mas ficou muita gente ainda pra trás”, protesta. O motivo é que o acordo compreende apenas os camaroeiros da Praia do Suá, faltando outros setores da pesca de outras regiões, como Jardim da Penha, Camburi, Vila Velha, Nova Almeida e Jacaraípe. “A Fundação Renova foi feita pra enrolar o povo”, critica.