Líder indígena também participa de programação anterior na universidade e visitou aldeias em Aracruz
Krenak, que se tornou o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL) em outubro último, participará ainda do “IV Ecologias Insubmissas Para Adiar o Fim do Mundo”, com programação no mesmo dia, no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE) – as inscrições já foram encerradas. Dentre os participantes estará Alzenira Marques, mulher Tupinikim e militante do movimento dos professores indígenas, além de grupos indígenas de Aracruz, norte do Estado, em uma apresentação cultural.
“Futuro Ancestral” é o mesmo nome do mais recente livro de Krenak, coletânea de textos escritos entre 2020 e 2021, em que defende que o futuro do planeta passa pelo resgaste de modos de vida mais próximos dos povos originários, incluindo a relação de proximidade com a natureza. Essa temática tem dado a tônica de seus escritos e palestras em geral, nas quais tece críticas radicais ao sistema capitalista e à visão eurocêntrica de civilização.
De acordo com a Adufes, a proposta do evento é reforçar localmente um debate para a construção de uma sociedade que supere a lógica da degradação ambiental e o desejo de lucrar com os recursos naturais, entendendo que o ser humano não está separado na natureza.
Nesse sentido, Krenak, sucesso de vendas com livros como Ideias para adiar o fim do mundo e A vida não é útil, é apresentado pela entidade como detentor de uma “linguagem direta, crítica e contundente”, capaz de alcançar diferentes grupos políticos e sociais.
“O que o Krenak discute – temas como degradação ambiental, ganância pelo lucro dos grandes empresários e a aposta na coletividade para superar esses desafios – se choca com a lógica que ganha espaço dentro da Ufes”, afirma a presidenta da Adufes, Junia Zaidan.
“A universidade é referência importante para a construção do Espírito Santo, onde aconteceram crimes ambientais cometidos por empresas que até hoje seguem sem reparar as pessoas atingidas. É preciso manter sempre esses temas sobre a mesa de discussão como forma de jamais abrir mão da luta contra as motivações que trouxeram todos os tipos de sofrimento”, completa.
No Espírito Santo desde quarta-feira (29), Ailton Krenak também aproveitou a oportunidade para visitar aldeias indígenas em Aracruz, além de outras comunidades e entidades. Antes da realização da conferência, está prevista a realização de uma caminhada entre o CCE e a sede da Adufes, com a presença de Krenak e grupos indígenas do Espírito Santo.
A Adufes informa que a rua que dá acesso ao local da conferência será interditada às 15h para a realização das instalações do evento, e a sede da associação também ficará fechada a partir desse horário. O público poderá acompanhar a conferência a partir do estacionamento do Centro de Ciências Humanas (CCHN), e a orientação é que cada pessoa leve o seu próprio banquinho, cadeira ou canga para se acomodar e água para se hidratar.