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Governador ignora reuso de água das ETEs para Vale, ArcelorMittal e outras indústrias

O governador Paulo Hartung (PMDB) ignorou a proposta de reusar a água que sai das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) na indústria. Ele se manifestou sobre a questão hídrica na manhã desta quarta-feira (4), durante sua prestação de contas na Assembleia Legislativa.  
 
O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) quis saber sobre fornecimento de água à Vale, uma das poluidoras do Estado, e inclusive sobre o valor diferenciado  – a empresa paga menos pela água comprada da Cesan.
 
Sobre o menor preço pago pela Vale, Paulo Hartung se calou. Disse acreditar que à Vale e à ArcelorMittal é entregue um terço da água captada no rio Santa Maria da Vitória. E que a água para a ArcelorMittal é água bruta, não tratada. Acertou na quantidade da água fornecida às empresas, mas não citou que a água entregue à Vale é tratada, boa para uso humano.
 
Discorreu sobre pretensão informada pela Vale de usar a água do mar e usá-la no processo industrial. Lembrou a  redução da oferta da água para as duas empresas durante o pico da crise no abastecimento, no mês passado, entre outras medidas que adotou.
 
Mas se calou completamente em relação à principal medida para economizar água no processo industrial, que é o reuso da água que é liberada nas Estações de Tratamento de Esgoto. Esta medida foi sugerida por diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Espírito Santo (Sindaema). Em 2014, o total de água das ETEs jogada fora foi de 51.428.397 milhões de metros cúbicos, que correspondem a 51 milhões de caixas d'água de 1.000 litros. 
 
Se esta água de reuso fosse vendida à indústria, e a água que é fornecida às empresas destinada a consumo humano, daria para atender diariamente, ao longo do ano, 1.190  milhão de pessoas com o fornecimento de diário de 120 litros, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 
 
Seis das ETES da Cesan tratam a água de reuso  e a devolvem para a natureza com 98% de pureza.  São as ETES de Mulembá, Aracás, Manguinhos, Bandeirantes, Aeroporto (Guarapari) e da sede do município de Santa Teresa. 
 
As outras ETEs empregam tecnologia que só retira 70% das impurezas, o que quer dizer que a água contamina o ambiente ao serem devolvidas para a natureza. Mas existem tecnologias que devolvem esta água com 100% de pureza e seu uso, em situações especiais, pode ser para uso humano.

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