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Governo descumpre acordo e reestruturação do Iema é efetivada por decreto

Descumprindo o acordo feito no início de abril com a Associação dos Servidores do Iema (Assiema) e o Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado, o governador Paulo Hartung (PMDB) definiu a reestruturação do  Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) nesta segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, por meio de decreto. A efetivação da medida, sem qualquer diálogo com as duas entidades que compõem a Comissão Participativa criada exatamente para discutir os critérios e formas de reestruturação da autarquia, foi considerada autoritária e causou revolta entre os servidores.

“O que nos espanta é a SEG [Secretaria de Estado de Governo – que representou o governo, junto da Seama [Secretaria Estadual de Meio Ambiente] a e da diretoria do Iema, na Comissão de Reestruturação Participativa do Iema] orientar uma coisa [o diálogo e construção participação] e a Andrea [Andrea Carvalho, diretora-presidenta do Iema] passar por cima disso”, afirma Amarildo Santos, diretor de Assuntos Jurídicos do Sindipúblicos. “A gente não sabe se ela ignorou a SEG ou se os dois órgãos não estão conversando”, comenta.
 
Não bastasse ignorar completamente o acordo, o novo organograma do Iema reduz significativamente a independência de várias coordenações importantes, com destaque para a de Qualidade do Ar, antes feita dentro da Gerência de Qualidade Ambiental.

“A luta por independência na gestão da qualidade do ar deu um passo largo atrás pois agora a qualidade do ar está em coordenação ligada diretamente à diretoria do Iema, ou seja, acabou a independência técnica de vez e as possíveis decisões políticas que favoreçam grandes empresas se concretizarão”, protesta, em nota, a Comissão de Servidores do Iema.

Outro aspecto questionado pelos servidores é uma possível incongruência jurídica do decreto, pois o Iema foi criado por uma Lei, a 248/2002. “O governador pode estruturar a administração pública por decreto. A grande discussão é alterar uma disposição prevista em lei”, pondera Amarildo.

“Queria entender qual é o conhecimento técnico, a formação técnica que ela [Andrea Carvalho] tem para produzir esse tipo de documento. Não tem legitimidade democrática nem técnica. Nem ela nem Fernanda Rabelo (diretora administrativa e financeira do Iema]. O corpo diretivo do Iema não tem legitimidade técnica”, reclama o sindicalista.

Foi em pleno Carnaval de 2017 que os servidores do Iema tomaram conhecimento, pela imprensa, da intenção do governador Paulo Hartung de extinguir o Iema e transformá-lo em duas subsecretarias vinculadas à Seama. Indignados, os técnicos produziram um manifesto de repúdio e iniciaram intensa mobilização com ambientalistas, Assembleia Legislativa e a sociedade em geral, para reverter o processo, já em curso.

Com a adesão de sindicatos, associações de classe, colegiados afins e boa parte dos deputados estaduais, o governo foi obrigado a frear o processo que pretende politizar ainda mais a gestão ambiental no Espírito Santo, aceitando criar uma Comissão Paritária para discutir a reestruturação do Iema, e não mais a sua extinção. A Comissão, no entanto, formada no início de abril, não foi convocada para qualquer diálogo e, dois meses depois, o decreto de reestruturação é publicado de forma autoritária e desrespeitosa. 

 

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