O governo do Estado anunciou, nessa quarta-feira (23), que a praia de Pontal do Ipiranga, em Linhares (região norte) saiu da classificação de imprópria para banho e recreação. A praia estava interditada há mais de um mês, quando a lama de rejeitos da Samarco/Vale-BHP Billiton atingiu a foz do rio Doce, em Regência.
As demais praias do município – Regência, Povoação e Comboios -, no entanto, continuam interditadas.
Os órgãos públicos se valeram, para isso, de um laudo da empresa Econservation Estudos e Projetos Ambientais sobre a balneabilidade das praias atingidas pelos rejeitos do rompimento da barragem em Mariana (MG).
Assinado pelo oceanógrafo Marcelo Poças Travasso, afirma que não foi detectada contaminação por metais pesados e coliformes fecais. No entanto, os valores de surfactantes (molécula pegajosa que se agarra à superfície entre a água e o ar) e fósforo total superiores encontrados foram superiores ao que determina a Resolução 274/2000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), “porém, sem riscos à população”, como garante o boletim.
Todas as amostras de água foram coletadas no último dia 15, com análise na última sexta-feira (18), mas divulgadas somente nessa quarta.
Já no município de Aracruz, onde os rejeitos foram registrados pela primeira vez nessa segunda-feira (21), na foz e rio Piraquê-açu, ainda não há registros da lama nas praias da cidade, portanto, não há interdições.
A prefeitura do município afirma que tem realizado monitoramentos diários de todo o litoral e do rio, principal fonte de abastecimento da população.
“É importante salientar que as condições de clima e correntes marítimas são alteradas constantemente, por isso é fundamental que a população esteja atenta a qualquer alteração visual e às informações públicas”, ressaltou o boletim atualizado.
Também segundo dados do governo, a área total de rejeitos até essa quarta era de quase 60 quilômetros a partir da foz do rio Roce. Há registros da lama ainda a 15,6 quilômetros ao norte; 8,6 ao sul; e 7,2 mar adentro.
Com laudos realizados pela Samarco/Vale-BHP e poder público, há muitas desconfianças da população dos municípios atingidos em relação à qualidade da água tanto para consumo como das praias. Isso se deve não só às relações consolidadas do governo e das prefeituras com a Samarco e a Vale, umas das principais financiadoras de campanha eleitoral no Estado, como ao desencontro de informações de análises realizadas em locais semelhantes.
Desde o rompimento da barragem, no dia cinco de novembro último, a sociedade civil organizada defende a realização de estudos independentes. Mesmo apelo fez a Organização das Nações Unidas (ONU), após recente visita a Mariana.