“Não foi Acidente! Basta de Impunidade! Queremos justiça!”. Esse promete ser o grito de ordem durante a edição capixaba do Grito dos Excluídos, numa referência ao crime socioambiental da Samarco/Vale-BHP, que continua impune, passados quase dez meses do rompimento da barragem em Mariana (MG).
Em nível nacional, o tema é “Este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata!”, inspirado numa frase do Papa Francisco, durante encontro com movimentos sociais na Bolívia. Segundo divulgação do Ato nas redes sociais, o tema “nos convida a refletir sobre as desigualdades, injustiças sociais e outras mazelas que o atual sistema econômico nos impõe”.
O Grito acontece no Brasil, tradicionalmente no dia 7 de setembro, para ser um contraponto à falsa ideia de independência, visto que não é livre o povo que ainda sofre com o não atendimento às suas necessidades básicas, como saúde, educação, emprego, segurança e lazer.
No Espírito Santo, a organização é da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória e, este ano, está a cargo do Fórum das Entidades em Defesa do Rio Doce. A intenção é reunir as pastorais, os movimentos sociais e os sindicatos com compromisso com a Justiça em todo o Estado, com ênfase nos municípios atingidos pelo crime da Samarco, desde Baixo Guandu até Linhares. “É o grito dos que sofrem”, sintetiza Vitor Noronha, coordenador do Fórum e membro da Comissão Justiça e Paz.
A escolha da Praia de Camburi, explica o texto do Fórum, “se deu pelo fato de uma das empresas criminosas, a Vale, estar situada no local e também por ser essa localidade e adjacências constantemente atingidas pelo pó preto da mineradora”. Haverá portanto uma recíproca solidariedade, em que os moradores da Grande Vitória apoiam a luta dos atingidos e estes se solidarizam com o problema histórico que vivem os habitantes da Capital.
A concentração para o evento começa às 8h30, na Praia de Camburi, em frente ao Clube dos Oficiais. Às 9h, a marcha caminha para a portaria da Vale, onde prossegue a programação.
Haverá oração ecumênica, com participação de igrejas integrantes do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), depoimentos dos atingidos, show musical e performances artísticas.
Quatro panos de TNT marrom com 100 metros de comprimento irão simbolizar a morte do Rio, com peixes mortos. O cortejo fúnebre simbólico do rio terá também um caixão, a figura da morte e 19 cruzes, representarão as vítimas fatais do crime, cujas famílias ainda não foram assistidas. “Nossa grande sede é que o crime não seja esquecido e que não seja visto como acidente. É um ato de memória e de denúncia”, afirma Vitor.
“Não foi acidente! Bata de impunidade! Queremos justiça!”