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Idaf autoriza mais 1,5 mil hectares de eucaliptos da Aracruz Celulose (Fibria) em São Mateus

A Aracruz Celulose (Fibria) obteve do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espirito Santo (Idaf) as Licença Prévia (LP 245/2017) e de Operação (LO 313/2017) para expandir seus plantios de eucaliptos pem São Mateus, norte do Estado.

Os comunicados, publicados nesta semana no Diário Oficial, se referem às fazendas Três Barras e Estiva, onde serão plantados 895 e 629,6 hectares, respectivamente, totalizando mais de 1.524 hectares de deserto verde.

O município já sofre seriamente com os latifúndios de produção de celulose, que secam rios, córregos e nascentes, e têm gerado sérios problemas para os agricultores familiares e também para os moradores da cidade, que, há pelo menos três anos, recebem água salgada – e não salobra – em suas torneiras.

Toda a região norte e noroeste capixaba, na verdade, é vítima histórica dos desmandos do Estado e da soberba das indústrias papeleiras. Desde que os primeiros correntões metálicos da Aracruz Celulose derrubaram a Mata Atlântica para plantio de eucalipto, no final dos anos 1950, até hoje, o deserto verde só se expande.

Algumas décadas depois, outra multinacional se juntou no esforço monstruoso de secar a água, o solo e a vida da região: a Suzano Papel e Celulose. Mais recentemente, há cerca de dois anos, uma fábrica de placas de MDF tem inserido um esforço extra, focando sua atuação destruidora nos municípios de Pinheiros e Pedro Canário.

A vizinha Conceição da Barra, já sem poder recorrer a qualquer artifício legal, político ou pseudo-ambiental para permitir mais eucaliptos dentro de seus limites, tem “exportado” mais deserto verde para São Mateus e municípios do extremo norte do Estado. Somente no território mateense, pelo menos 2,3 mil hectares de eucaliptos já foram autorizados em 2017, mais do que os plantios do Programa Reflorestar em todo o Espírito Santo.

Os movimentos sociais do campo organizam uma audiência pública sobre a expansão do eucalipto na região para o início de julho. Na ocasião, a questão das terras devolutas e a Reforma Agrária devem ser colocadas em discussão, antecipa Ednalva Moreira Gomes, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “O Estado não se posiciona em relação a uma solução para as mais de mil famílias acampadas no Espírito Santo. E continua, apenas, flexibilizando a legislação pra expandir o eucalipto”, protesta. 

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