O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) lançou a campanha “De onde vem?” para garantir o acesso da população a informações sobre a origem dos alimentos que são comercializados no País. Hoje, pouco se sabe a respeito de questões como a região onde os alimentos foram produzidos, em que condições, e quais substâncias foram usadas durante a cadeia produtiva até chegar aos supermercados.
A disponibilização dessas informações, seja na embalagem, num selo colado no alimento, ou mesmo fixado na gôndola é chamada de rastreabilidade que, como aponta o Idec, oferece vários benefícios como a valorização dos alimentos orgânicos e agroecológicos, o respeito à produção socialmente justa, e a possibilidade de escolher alimentos produzidos próximos do consumidor, ou seja, com menos emissões de carbono para a distribuição.
“Saber de onde vem o alimento e por onde ele passou permitem identificar os responsáveis por problemas da cadeia de fornecimento de alimentos, além de dar agilidade aos processos de recall quando há alguma violação sanitária”, aponta o instituto. Ter acesso a essas informações é, também, direito do consumidor.
Apesar de não haver regulação sobre o tema no Brasil, como já ocorre em outros países, uma pesquisa do Idec identificou que algumas redes supermercadistas possuem programas voluntários de rastreabilidade, porém, ainda insuficientes.
O instituto identificou que o maior problema está nos alimentos a granel, já que apenas 0,06% dos apresenta alguma informação ao consumidor. Entre os alimentos embalados, são 42,6%. Os alimentos orgânicos têm vantagem – são 56,5% contra 28,7% dos convencionais.
“O ideal seria que nas gôndolas um cartaz indicasse algumas informações, como o produto e variedade, o produtor e o centro de distribuição – quando houver, CPF/CNPJ, endereço, data de produção, lote e se houve uso ou não de agrotóxicos”, explica Renata Amaral, pesquisadora do Idec.
Alerta vermelho
Desde 2008, o Brasil é líder do ranking mundial de consumo de agrotóxicos. A previsão é que cada brasileiro consome, em média, 5,2 litros de agrotóxicos por ano, como ressaltam as entidades da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por liberar tais produtos no país, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 190% nos últimos 10 anos, um ritmo muito mais acentuado do que o do mercado mundial, que foi de 93% no mesmo período.
O Espírito Santo é o terceiro estado na aplicação de agroquímicos e, assim como ocorre no país, movimentos do campo defendem investimentos na produção orgânica, que é livre de venenos.