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Iema apresenta redução inexplicável da poeira sedimentável na Grande Vitória

Depois de nove meses sem medir a poeira sedimentável (que inclui o pó preto) na Grande Vitória, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) apresentou dados referentes ao mês de abril deste ano, com os menores valores de toda a série histórica da medição, iniciada em 2009.
 
Numa comparação entre o mesmo mês nos anos de 2016 e 2015, temos, respectivamente, para cada uma das dez estações de monitoramento em Serra, Vitória, Vila Velha e Cariacica, os seguintes valores, em grama por metro quadrado: 1,6/5,9/8,9 em Laranjeiras; 1,5/4,8/8,7 em Carapina; 2,0/10,4/15,9 em Jardim Camburi; 4,2/8,0/13,2 na Enseada do Suá; 0,9/6,9/7,7 no Centro de Vitória; 2,1/5,5/7,0 no Ibes; 0,9/6,5/6,1 no Centro de Vila Velha; 1,3/8,4/9,4 em Cariacica; 0,9/4,9/5,0 no Hotel Senac; 2,0/13,8/5,5 no Clube Ítalo.
 
Os números causaram estranheza entre os grupos que acompanham o monitoramento da poluição atmosférica na região metropolitana, pois nenhum investimento para a efetiva redução do nível de poluentes foi anunciado pelas grandes indústrias da Ponta de Tubarão – Vale e ArcelorMittal – ou mesmo pelo Poder Público, junto a veículos, construção civil e outras fontes poluidoras secundárias.
 
Para a interrupção do monitoramento da poeira sedimentável durante quase um ano – entre julho/2016 e março/2017 – a justificativa foi o vencimento do contrato com a empresa que realizava o serviço e as dificuldades burocráticas para a nova contratação. E para essa redução abrupta dos valores em todas as estações, quando o serviço é retomado? Qual é a explicação? Os fatos levantam suspeição, dando margem para sugerir que os dados foram “maquiados” para o governo ter o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho).
 
“Não confiamos nos valores das medições de poeira sedimentável apresentados pelos Iema para o mês de abril de 2017”, afirma o presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi Junior. “Não confiamos nos órgãos públicos de gestão ambiental no Espírito Santo. Não confiamos nos gestores públicos estaduais do meio ambiente”, sustenta Moreschi.
 
O ambientalista chama a atenção também, além dos valores de cada estação, para a soma do volume de poeira medida em todos os pontos de medições. Em nenhum dos meses da série histórica, também disponível no site do Iema, soma de todos os resultados foi inferior a 17,4g/m², como aconteceu em abril de 2017. Nem mesmo em abril e julho de 2013, quando apenas seis e três estações, respectivamente, foram medidas.
 
A ONG exige a apresentação das justificativas para a mudança, sem precedentes, dos últimos valores medidos, e mudanças na forma de validação dos dados, feita pelo Iema. “Deve começar a ser feito por um órgão isento, certificado e acreditado”, defende Moreschie.

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