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Índias coletam sementes nativas para reflorestamento no Espirito Santo

Toda a biodiversidade de aproximadamente 50 mil hectares da mata atlântica no Espírito Santo foi destruída quando a Aracruz Celulose (Fibria) derrubou a mata nativa para implantar seus eucaliptais. Agora, como se arrependida por tamanha agressão à natureza, a empresa tomou a iniciativa de capacitar mulheres indígenas para coletar sementes nativas.
 
Segundo informa o governo do Estado, o projeto é “iniciativa” da Aracruz Celulose (Fibria). Tem como parceiro  a Kambôas Socioambiental e apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e Secretaria Municipal de Agricultura de Aracruz. Os índios desenvolvem o que foi chamado de Plano de Sustentabilidade Tupinikim e Guarani no Estado.
 
Os primeiros plantios de eucalipto da Aracruz Celulose começaram em novembro de 1967. Nesta ocasião, a empresa já havia grilado terras dos quilombolas, pequenos produtores rurais e dos índios. 
 
Dos quilombolas, a empresa tomou, seja comprando por preços vis a partir de sedução com promessa de empregos e bons salários, ou pela força, 50 mil hectares. Dos índios, a empresa usurpou 40 mil hectares dos quais, após décadas de luta, os índios conseguiram retomar 18.027 hectares.
 
No seu processo de implantação, a Aracruz Celulose usou correntões puxados lateralmente por dois tratores de grande porte, para destruir toda a mata atlântica. Nada da fauna conseguia sobreviver depois da destruição da vegetação.
 
Os plantios de eucalipto formaram o Deserto Verde. Não há mais água, tampouco o solo consegue oferecer os nutrientes que as plantas precisam.
 
Agora, com seu projeto de recuperação de sementes nativas, a Aracruz Celulose anuncia a formação de 89 coletores de sementes. Pouco conseguem: só sementes de saboneteira (girica), cocoa naiá e imbuí, boleira,  geri, feijão de porco, algodão,mulungu, e umas poucas outras.
 
Depois de primeiro negar a existência dos índios, e depois destruir sua cultura, agora a Aracruz Celulose também se diz preocupada com a  recuperação das sementes crioulas. O governo informa que o milho Fortaleza está sendo cultivado  como parte deste processo.

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