Ex-cacique Tupinikim, Vilson Jaguareté é liderança atuante na luta dos povos tradicionais e o primeiro a conquistar a cadeira como titular
Único município do Espírito Santo que possui territórios indígenas titulados, Aracruz elegeu pela primeira vez um vereador indígena titular de mandato e com destaque: ex-cacique e ex-chefe da coordenação técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município, Vilson Jaguareté (PT) foi o mais votado para o legislativo municipal, com 1.325 votos.
Outras candidaturas indígenas concorreram ao legislativo de Aracruz este ano, porém obtiveram votações modestas: Jobinho da Silveira (PT, 127 votos), Gabriel Pereira (PSL, 87 votos), o mandato coletivo Filhos da Terra Tupinikim (PCdoB, 81 votos) e Rodrigo Guarani (Rede, 19 votos).
Aracruz teve apenas um índio no legislativos municipal, Ervaldo Índio (PMN), também Tupinikim, que chegou a exercer mandato entre 2015 e 2016, após assumir como suplente do então vereador Erick Musso (Republicanos), após sua eleição como deputado estadual. Ervaldo não conseguiu se reeleger.
No Censo de 2010, Aracruz registrou 3.040 habitantes autodeclarados indígenas, o que equivale a 3,4% do total, tornando-a uma das cidades com maior concentração de população indígena da região Sudeste. O número de candidaturas indígenas cresceu 27% em 2020 em relação ao pleito municipal anterior. Segundo levantamento do portal UOL, dez municípios brasileiros serão governados por indígenas.
Não é o caso de Aracruz. O vencedor foi Dr. Coutinho (Cidadania), por margem apertada: chegou a 31,83% e menos de 1.200 votos de vantagem sobre Alcântaro (PSD). O atual prefeito, Jones Cavaglieri (Solidariedade) amargou um quarto lugar, com 8,7% dos votos.