Uma aldeia temática indígena ao lado do rio Piraquê-Açu foi aberta nesta sexta-feira (17) pelos índios capixabas da etnia guarani. É acessível à toda comunidade e, em especial, para estudantes. Revelarão a cultura indígena, com cabanas cobertas de sapê, como as construídas nas antigas aldeias, e reserva espaço para debates. Ali, no atual momento, discutirão a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 215), que os índios consideram uma ameaça.
Segundo o cacique guarani Pedro Silva Karaí, da aldeia de Piraquê-Açu e responsável pela aldeia temática, no Dia do Índio, lembrado em 19 de abril, na aldeia temática serão realizadas danças indígenas, e apresentação do coral indígena, que cantará músicas de sua etnia.
As atividades no domingo na aldeia temática começam às 9 horas, e estão previstas para até às 16 horas. A aldeia tem nove cabanas cobertas de sapê, lojinha de artesanato e espaços para que os visitantes possam se sentar e conversar. Foram criadas trilhas na área, que já podem ser visitadas.
O cacique orienta os visitantes para que levem comida. Na aldeia encontrarão água potável. Para chegar ao local, a pessoa que segue a rodovia estadual ES – 10 e passa a ponte do rio Piraquê-Açu, tem acesso pela primeira entrada à esquerda. Para marcar as visitas os grupos devem manter contato com o cacique Pedro Silva Karaí, pelo telefone (27) 996.062.754.
PEC 215
Não só na aldeia temática está em discussão a PEC 215. Em Brasília, os índios protestam há vários dias e permanecerão até, pelo menos, a próxima semana. Os índios estão temerosos em relação a PEC 215 que, aprovada, transfere a homologação das terras indígenas para o Congresso Nacional.
Mas tem uma agravante: as terras reconquistadas pelos povos indígenas e demarcadas, poderão ser de novo entregues às empresas e aos latifundiários, que as usurparam.
A PEC 215 estava arquivada. A proposta foi desarquivada por manobra do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A reapresentação da PEC surgiu a partir da própria eleição de Cunha. Foi usada por ele como moeda de troca com a bancada ruralista. Cunha é da bancada evangélica.
A PEC 215 ata as mãos da Fundação Nacional do Índio (Funai). Atualmente, o Ministério da Justiça edita decretos de demarcação a partir de estudos feitos pela Funai. Os índios consideram a reapresentação da PEC 215 um ato de guerra. Foram à luta e exigem que seus direitos previstos na Constituição Federal sejam respeitados.
Mas a PEC não prejudica não só os índios, como também os quilombolas e pequenos proprietários. No Espírito Santo, muitas das terras tomadas dos povos indígenas, quilombolas e pequenos proprietários foram exploradas até a exaustão, como pela Aracruz Celulose (Fibria).
A empresa tomou cerca de 40 mil hectares de terras dos índios, e só devolveu 18 mil hectares. Dos quilombolas, a empresa também tomou terras (cerca de 50 mil hectares). Aos quilombolas, a empresa ainda não devolveu nada. A Aracruz Celulose ainda derrubou 50 mil hectares de mata atlântica, destruindo toda a sua biodiversidade, nesta ocasião. As terras foram exauridas com plantios de eucaliptais.