Os índios Tupinikim e Guarani das aldeias de Aracruz (norte do Estado) se reúnem mais uma vez com representantes da EDP Escelsa na tarde desta terça-feira (8), para negociar a compensação ambiental e financeira que a empresa deve às comunidades por explorar suas terras há pelo menos quatro décadas.
O prazo estipulado pelas lideranças indígenas venceu na última sexta-feira (4), mas elas resolveram atender a um pedido da EDP de aguardar até esta terça. O encontro deverá acontecer às 14 horas, ou na aldeia de Caieiras Velhas ou na Câmara de Aracruz.
Diante desse consentimento, os índios desocuparam a área onde está localizada a torre das linhas de transmissão de energia que cortam as aldeias. A mobilização durou quatro dias, com a participação de 120 pessoas, entre caciques, lideranças, mulheres e crianças.
Caso a empresa não apresente uma proposta, os Tupinikim e Guarani irão retomar o protesto com medidas mais enérgicas, como a ação que colocou fogo na torre na última semana.
A negociação com a EDP é a primeira da série que os índios irão fazer para garantir os direitos das comunidades, que têm suas terras exploradas e impactadas por empreendimentos instalados no município.
Além da Aracruz Celulose, que se apropriou e explora as terras indígenas há décadas, geram prejuízos aos Tupinikim e Guarani a Vale, com sua estrada de ferro; a Petrobras, com um gasoduto, e empresas portuárias – Portocel (também da Aracruz), o Estaleiro Jurong, e o planejado Imetame, que acabaram com a pesca tradicional.
A insatisfação das comunidades indígenas em relação à omissão dos empresários, que não oferecem qualquer contrapartida às aldeias, foi reforçada em documento encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) de Linhares, ao governo do Estado, ao Serviço de Água e Esgoto (Saae) e às empresas.
O representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Aracruz, Vilson Tupinikim, cobra do governo federal que cumpra com sua obrigação e coloque à mesa de negociação todos os empreendimentos que impactam direta e indiretamente as terras indígenas, para definição das devidas compensações ambientais e financeiras.
O grupo EDP – Energias do Brasil SA (dono da antiga estatal Escelsa) é controlado pela EDP Energias de Portugal S.A, uma das maiores operadoras europeias no setor energético.